Traduzido por Ricardo Ferreira do Amaral, advogado, artista plástico e filho de Airá.

Comportamento e código de vestimenta do Iyawô durante os três primeiros meses

O período como iyawô consiste de um ano e sete ou dezesseis dias, dependendo da linhagem, e requer que o noviço siga uma série estrita de comportamento e de código de vestimenta. Por ser um recém nascido, a maioria dos oloxás afirmam que o iyawô deve ser tratado e cuidado como uma criança. Muitas destas prescrições e proscrições amiúde enfatizam esta crença, porque podem aparentar infantilidade de muitos modos. Estes códigos têm efeito desde o primeiro dia da ordenação, quando o iyawô renasce através dos processos rituais. Os primeiros três meses desse ano são os mais rigorosos em todo sentido, como se verá adiante.

Espera-se que um iyawô esteja bem vestido e espera-se que as roupas do iyawô sejam imaculadamente brancas, limpas e jamais rasgadas ou remendadas. Contudo, estar bem vestido não implica que o iyawô deva vestir roupas caras ou de marca. Os homens devem vestir camisetas com mangas, cuecas tradicionais, camisas de mangas compridas, calças amplas e meias em todas as ocasiões. As mulheres devem vestir saias amplas e blusas ou vestidos—nunca calças—com o comprimento das mangas, no mínimo, de 3/4 e com gola alta, soutiens, combinações, calcinhas e calçolas, meias de cano alto e um xale. Não podem calçar outras sandálias do que chinelos estando em casa, nem podem calçar sapatos que não cubram totalmente os pés.

Tanto homens quanto mulheres devem usar um chapéu, gorro, turbante ou cobrir suas cabeças de alguma maneira durante o período inteiro, retirando-os somente para tomar banho e para dormir. Também se requer um pedaço de algodão sob a peça que cubra a cabeça, durante os primeiros três meses.

Também se espera que o noviço pratique a higiene adequada. Higiene apropriada e limpeza não equivalem necessariamente a estar “perfumado” ou “maquiada”. Ao iyawô não lhe é permitido usar perfumes ou cosméticos de qualquer classe, incluído o sabonete perfumado, ainda que sejam feitas exceções quanto ao desodorante. O banho é ritualmente importante tanto quanto higienicamente necessário para os iyawôs e para os oloxás já feitos e, especialmente para aqueles que dividem suas camas com seus parceiros. É proibido permanecer diante dos nossos orixás ou cumprir com uma função religiosa antes de nos termos banhado, especialmente quando temos dormido com nosso cônjuge ou amante. Os homens devem estar com a barba bem feita e acicalados e, depois do terceiro mês, devem visitar o barbeiro para manterem os cabelos num comprimento razoável. Alguns iles proíbem deixar crescer a barba e o bigode por um ano inteiro. Ainda que as mulheres não estejam proibidas de cortarem os cabelos, elas não devem modelá-los, tingi-los ou submetê-los a qualquer tratamento de beleza desnecessário. E ainda, o iyawô deve estar consciente da sua aparência e da sua higiene pessoal em todas as circunstâncias.

Além da maquiagem e do perfume, as mulheres também estão proibidas de depilar as sobrancelhas e pintar as unhas, e alguns ilês são tão estritos que também proscrevem que raspem as pernas e as axilas sob o argumento de que uma lâmina não pode entrar em contato com um iyawô até ter passado um ano. Tampouco lhe é permitido ao iyawô usar jóias de qualquer tipo, especialmente durante os três primeiros meses. Isto compreende o uso de relógio de pulso. As únicas jóias que o iyawô pode usar são os elekês, os idês oxá—os braceletes de miçangas usados no pulso esquerdo que identificam o orixá do iyawô—o bracelete de prata ou de metal branco que pertence a Obatalá, e as mulheres devem, também, usar todos os braceletes dos orixás femininos recebidos na ordenação. Depois do terceiro mês, contudo, alguns padrinhos (babalorixás ou iyalorixás) permitem que as mulheres usem brincos pequenos, discretos, colares de coral ou de outra pedra semi-preciosa, principalmente associada com os orixás, tais como o âmbar, a madrepérola, o marfim ou o azeviche. Dadas as pressões e obrigações da sociedade moderna, a maioria dos ilês correntemente, permitem que os homens e as mulheres usem relógios de pulso após o terceiro mês.

O iyawô deve comer sobre uma esteira no chão e nunca à mesa. O iyáwô é provido de um prato, uma xícara –usualmente de ágata—e uma colher, com os quais se espera que coma e beba durante um ano inteiro. Pelo ano inteiro, o iyawô não deve usar um garfo ou uma faca para comer. Na sociedade moderna, onde a maioria dos iyawôs deve trabalhar, a maioria dos padrinhos lhes dá permissão para que comam à mesa ou no balcão durante o dia de trabalho, pelo que seria embaraçoso e provavelmente inaceitável na maioria dos restaurantes, que um iyawô entrasse carregando sua esteira, seu prato, sua colher e sua xícara para comer. Depois do terceiro mês, o iyawô deve comer sozinho na mesa e jamais acompanhado por qualquer pessoa, especialmente na mesa onde haja oloxás. Tipicamente, em qualquer evento dos orixás em que um iyawô sirva, comer numa esteira sob o chão ainda lhe é requerido até transcorrido um ano.

Espelhos, considerados portais para outros domínios, são tabus. O iyawô nunca deve olhar para um espelho, nem cruzar inadvertidamente diante de um deles; é de se supor que dirija seu semblante a qualquer outro lugar para evitar ver sua imagem no espelho. Isto é por vezes muito incômodo, especialmente para os homens, que devem aprender a se barbear sem o uso deste utensílio manual. Ademais, àqueles que devem estar vestidos para o trabalho, ou àqueles que usam espelhos ou olham em espelhos—cabeleireiros e celebridades, por exemplo—, estão amiúde isentos deste tabu enquanto trabalham, porquanto seria impossível que respeitassem o tabu e mantivessem seus empregos simultaneamente. Além disto, em nossas sociedades motorizadas, é muito difícil dirigir um carro sem usar o espelho retrovisor ou lateral. Às vezes, este ewô não é observável.

Idealmente, o iyawô deve estar em casa antes do crepúsculo, eis que o iyawô não poderá ficar exposto ao orvalho noturno. A meia-noite e o meio-dia são considerados dois períodos inquietantes e o iyawô—e muitos oloxás com odus específicos em seus itás—devem evitar estar fora de suas casas nesses horários. È recomendável permanecer dentro da casa por 5 minutos passados da meia-noite ou do meio-dia. O meio-dia é também considerado tabu para um iyawô, ainda que isto não lhe seja estritamente imposto. A maioria dos padrinhos realiza uma cerimônia na qual o iyawô é apresentado a oshupá—a lua—e a alé—a noite—na eventualidade de o iyawô não poder evitar permanecer fora de casa à noite para trabalhar ou por outras razões prementes.

Um iyawô não pode comparecer a nenhuma reunião, festa ou evento onde haja grandes aglomerações de pessoas, que não se trate de um evento religioso. Igualmente, o iyawô deve evitar comparecer a concertos, bailes, teatros, cinemas, restaurantes, bares, clubes noturnos, danceterias, shopping centers congestionados ou supermercados. O iyáwô não pode tomar banho de mar, de piscina, de rio, de lago ou de qualquer outro corpo d’água para propósitos de entretenimento, nem deverá viajar de férias durante o ano. È preferível que não viaje em absoluto durante os três primeiros meses.

Para comparecer a um evento religioso ou visitar a casa de outro oloxá, na primeira visita o iyawô deverá ser acompanhado pelos seus padrinhos ou por um outro oloxá designado por aqueles. O iyáwô nunca pode visitar sozinho a casa de qualquer oloxá, e os maiores responsáveis nunca deverão permitir que um iyawô entre em suas casas, e muito menos saudar os orixás que vivam naquele ilê, sem que a pessoa esteja acompanhada de um maior. De fato, ainda que o maior e o iyawô sejam visitantes, é o maior do noviço ou seu representante quem deverá apresentar o iyawô diante dos orixás no ilé visitado. Uma vez que tenha sido realizada a primeira visita, então, se os padrinhos do iyawô lhe derem permissão, este poderá visitar aquele ilê sem ser escoltado.

Álcool, drogas ilegais ou quaisquer outros alucinógenos são totalmente proibidos, nem o iyawô deverá estar presente em qualquer lugar em que aqueles sejam consumidos.

O iyawô não pode ser fotografado, a não ser em caso de extrema necessidade.

O iyawô não pode ir a qualquer lugar onde haja grandes aglomerações de pessoas—v.g. jogos de futebol, concertos, teatros, cinemas, shopping centers nos feriados e em outros momentos congestionados.

O iyawô não deverá cortar os cabelos até passado o terceiro mês.

O iyawô não deverá pentear os cabelos até passado terceiro mês.

O iyawô deverá sempre carregar seus prato, colher e xícara aonde for.

O iyawô não deverá cumprimentar ninguém com um aperto de mãos, a menos que seja absolutamente necessário.

O iyawô deverá se recolher antes do crepúsculo, a menos que seja absolutamente necessário.

O iyawô não pode ir à casa de nenhum olorixá sem seus padrinhos ou familiares no santo. O iyawô pode ir à casa de um parente no santo com a permissão do seu/sua padrinho/madrinha.

O iyawô não pode fazer nada para ou com os orixás até ter passado pelo ebó oshu metá—vide adiante.

Sempre que um iyawô entra na casa do seu padrinho, deve imediatamente ir ao quarto dos orixás e saudar os orixás de seu padrinho. Então, cumprimentará seu padrinho e os oloxás que estiverem presentes. Não é necessário dizer ao iyawô que deve cumprimentar os olorixás mais antigos que ele.

Ao iyawô tampouco lhe é necessário dizer que deve cooperar com o que estiver sendo feito durante as atividades religiosas, de qualquer maneira que lhe for possível (v.g. varrendo, depenando, cozinhando, etc. . .).

O iyawô não deve falar se não for necessário e não pode fazer perguntas se não for necessário. No entanto, o iyawô deve sempre manter seus ouvidos abertos para escutar conversações importantes onde lições e informação são trocadas ou dadas. Tudo virá em seu momento oportuno para todos os que o conseguiram com respeito e humildade. De todos modos, isto não significa que o padrinho ou os oloxás mais antigos possam abusar de um iyawô.

Não obstante, o iyawô deve sempre demonstrar respeito pelos maiores, ainda que nem sempre sejam merecedores dele. Se houver um problema com qualquer maior, o iyawô deve encaminhá-lo ao seu padrinho, quem deverá se encarregar dele. Se um maior chama apropriadamente a atenção do iyawô, este deve respeitar a admoestação do maior. Se houver discrepâncias, elas deverão ser dirigidas ao padrinho.

Espera-se que o iyawô compareça aos aniversários ou às atividades religiosas de todos os seus parentes. As datas são providenciadas à medida que se tornem necessárias. Nelas, também, o iyawô ajudará no que lhe for possível.

Vestimenta e código de conduta do Iyawô depois do terceiro mês

Muitas das prescrições e tabus são relaxados depois do terceiro mês. As mulheres são especialmente contempladas por não mais terem que usar o xale. Este é removido na cerimônia dos três meses. Durante esta cerimônia, a cobertura da cabeça é retirada. Desta forma, é requerido somente do iyawô que cubra sua cabeça em rituais específicos e quando estiver fora de casa, contudo, algumas linhagens demandam que o faça somente quando não estiver em casa à noite. O requerimento quanto ao comprimento das mangas também é relaxado, e alguns iles também descartam os requerimentos referentes à roupa de baixo dos homens, lhes permitindo o uso de slips e de camisetas regata por baixo da camisa. As mulheres devem continuar a usar calcinhas e calçolas, ainda que alguns padrinhos possam ser flexíveis também a este respeito.

Muitas linhagens também retiram os elekês e os braceletes das mulheres, se bem que o idé oxá e o bracelete de Obatalá permanecerão no pulso durante o ano inteiro. Ao iyawô lhe é requerido somente o uso do elekê do seu orixá tutelar, bem como ficará livre para usar outros de sua escolha.

O iyawô pode agora comer à mesa, mas sempre sozinho. O requerimento acerca do crepúsculo é agora dispensado, mesmo assim, espera-se que o iyawô observe horários razoáveis e que esteja sempre em casa antes da meia-noite. Do mesmo modo, o tabu contra estar em lugares públicos é dispensado, permitindo ao iyawô ir a um shopping center ou ao mercado cada vez que for necessário. Outras saídas em público ainda são tabus, até ser completado um ano. A maioria dos outros tabus é mantida pelo ano inteiro.

Adimu para os orixás do iyawô

Um iyawô não pode dar oferendas aos seus orixás até que não tenha completado o ebó dos três meses. Ainda assim, há uma exceção. Se o iyawô recebeu os guerreros—os guerreiros—antes da ordenação, deve ser ofertado adimu para Elegbá, Ogún, Oshosi e Osun, as quatro divindades comumente chamadas los guerreros.

Há algumas divergências em termos de adimus requisitados durante o itá. Alguns oriatés e oloxás insistem em que aquelas oferendas devam ser realizadas imediatamente aos orixás do iyawô. Outros se opõem, considerando que quaisquer adimus que se façam prementes como são requisitados no itá, devam ser oferecidos aos orixás do padrinho até que o iyawô cumpra com o ebó.

Livro de Itá

A informação contida em seu livro de itá é privada e somente para os seus olhos. Qualquer mal intencionado pode usar o seu odu para lhe causar dano e quebrantar a sua vida. Não mostre seu livro ou diga o seu odu a ninguém.

A adivinhação e o iyawô

A menos que seja um caso de vida ou morte, o iyawô não deve consultar a adivinhação durante o ano inicial. Depois de um itá, durante o qual um mínimo de cinco orixás falou ao iyawô, não há uma verdadeira necessidade de qualquer comunicação adicional dos orixás. Os problemas que surgirem, se houver algum, deverão ser resolvidos à luz dos odus que vieram no itá do iyawô. Mesmo assim, se surgir uma necessidade extrema que não esteja compilada no itá ou uma solução que não seja evidenciada pelos odus do iyawô—e enfatizo que deva ser literalmente numa situação de vida ou morte—, não poderá ser utilizado o dilogun dos orixás do iyawô para se fazer a leitura. Esta deverá ser realizada com o dilogun da iyalorixá ou do babalorixá. Destarte, as leituras do Ifá somente poderão ser levadas a cabo em situações de vida ou morte.

O ebó dos três meses

No terceiro mês, ou logo depois, espera-se que o iyawô realize o ebó oshu metá ou, como é tipicamente conhecido em espanhol por ebó de tres meses—tal como o seu nome lukumi implica, o ebó das três luas ou meses. Esta cerimônia requer o sacrifício de galináceos para todos os orixás consagrados na ordenação em que um animal de quatro patas foi sacrificado. Algumas linhagens sacrificam um bode para Elegbá nesta cerimônia, ainda que a maioria oferende apenas animais de penas.

Os preparativos para o ebó são combinados de antemão com o padrinho. O ebó deve ser levado a cabo na casa do iyawô, mas também pode ser realizado em qualquer outro lugar. Algum tempo antes da data, o iyawô deve ir ao ilé da iyalorixá ou do babalorixás para apresentar dois côcos, duas velas, um prato, e o ashedi estipulado—títulos de bens ou dinheiro—já avençado com o padrinho para a cerimônia. No mesmo dia ou no imediatamente posterior, o iyawô deve também se apresentar diante dos orixás do/a ojigbona com dois côcos, duas velas, um prato e um ashedi para o ebó.

Saudando diariamente os orixás

Todo oloxá deve diariamente pagar tributo aos orixás. Esta obrigação é especialmente importante durante o primeiro ano de ordenação. Os padrinhos devem tomar o tempo necessário para ensinarem ao iyawô a maneira apropriada com a qual proceder, porém, isto nem sempre acontece.[1]

Depois de ter se lavado e ter cuidado de suas necessidades pessoais, o oloxá toma uma cabaça ou qualquer outro recipiente disponível para enchê-lo d’água limpa. Esta água é utilizada para saudar Elegbá e os outros guerreros. A água é derramada por três vezes no chão diante deles e o oloxá diz:

Omi tutu, axé tutu, onã tutu, ilê tutu Água fresca, [de maneira que] o axé é fresco,
o caminho é fresco, a casa é fresca.
Tutu Laroyê, tutu ariku babawá [de maneira que] Laroyê (Exu) é fresco
[apaziguando discórdias], [de maneira que]
nossos antepassados assegurem que este frescor perdure.

Depois disto, a pessoa bate no chão por três vezes diante de Elegbá com o punho fechado, tal como se batesse numa porta. Então, permanece ereta frente a ele e esfrega uma mão na outra, tal como se faz quando se ora ou se pedem suas bênçãos. Então, se vira suavemente e lhe dá as costas, enquanto esfrega os pés para trás na direção dele, assim como um touro preste a atacar. Finalmente, mexe algumas vezes suas nádegas rapidamente de um lado para outro e vai embora. No mínimo, antes de deixar a casa e antes de retornar a ela, devemos pedir a bênção de Elegbá e pela sua direção no mundo de fora.

A seguir, a água remanescente é levada à entrada da casa. Um pouco dela é aspergido no batente, e o restante é lançado à rua, repetindo a mesma oração que foi recitada diante dos guerreros:

Omi tutu, axé tutu, onã tutu, ilê tutu Água fresca, [de maneira que] o axé é fresco,
o caminho é fresco, a casa é fresca.
Tutu Laroyê, tutu ariku babawá [de maneira que] Laroyê (Exu) é fresco
[apaziguando discórdias], [de maneira que]
nossos antepassados assegurem que este frescor perdure.
Depois, presta-se homenagem a Egun, recitando uma oração básica:

Mojubá gbogbô Egun ‘ti araorun Saúdo a todos os antepassados e espíritos
Mbelese Olodumarê que estão aos pés de Olodumarê
Kosi‘ku, kosi arun, kosi ofô Que não haja [uma precoce] morte,
Que não haja doença, que não haja perda
Kosi inyá, kosi arayê Que não haja contenda, que não haja problemas mundanos.

Finamente, a pessoa saúda os orixás. A pessoa se ajoelhará e ofertará uma libação de água—três ou quatro pingos são derramados no chão diante dos orixás. Então, enquanto soa o instrumento ritual do orixá tutelar, a pessoa recita uma mojuba e orações, da mesma maneira como constou acima.

Se o oloxá tem algum problema premente, ou se encontra numa situação difícil de algum jeito, é muitas vezes recomendado que fale aos orixás pela manhã depois do alvorecer, antes de ter escovado os dentes e ter se lavado. Nesta situação, deve se tomar cuidado para se permanecer absolutamente em silêncio até que as saudações e pedidos tenham sido feitos. É importante estar equilibrado quando nos dirigirmos deste modo aos orixás. Acredita-se que esta é uma das maneiras mais eficazes de se obter bênçãos e também a maneira mais prejudicial de se amaldiçoar um inimigo.

As obrigações do oloxá para com seu padrinho e seu ojigbonã

Um oloxá tem várias obrigações para com sua iyá ou seu babálorixá. Estas não devem ser exclusivamente religiosas, tal como dentre os mais importantes elementos no relacionamento estão a confiança, o afeto e os laços de amizade que devem ocupar o lugar de pivô da relação. Tal como amiúde digo aos meus colegas, não estou tão interessado nos protocolos religiosos quanto estou em estabelecer um sólido relacionamento com os meus omorixás, a quem considero primeiramente meus amigos para só depois considerá-los meus descendentes religiosos. Destaco que o relacionamento entre a iyá ou o babálorixá e o omorixá é um parentesco fictício, mas não poderá um relacionamento fictício ou hipócrita para que possa ser bem sucedido.

Espera-se que o olorixá satisfaça seu padrinho e seu ojigbonã todos os anos, em cada uma das celebrações de seus aniversários, levando os costumeiros ashedi, prato, côcos, velas e dinheiro. Ademais, o olorixá deve também satisfazer seus maiores antes mesmo do seu próprio aniversário, a despeito de este ser celebrado ou não.

Cada vez que o padrinho tenha uma atividade religiosa, os omorixás devem estar presentes e acudir com todas as funções para que a atividade tenha sucesso. O omorixá receberá somente o tanto que colheu de acordo com o seu comportamento. O padrinho não deve simplesmente agraciar o omorixá, mas sempre manter um controle mental do comportamento deste e da sua participação nas atividades da casa, ou da falta destes.

Notas finais

[1] Os aborixás podem também usar isto como guia para saudar seus guerreros e/ou outros orixás que possam ter recebido. Vide nota #8

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