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Prefeito conferiu os trabalhos de reforma no mais antigo santuário de candomblé da cidade
Andreia Santana
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Antonio Imbassahy aprecia o gradil de ferro confeccionado por Bel Borba

O prefeito Antonio Imbassahy esteve ontem pela manhã no terreiro da Casa Branca, na Avenida Vasco da Gama, conferindo o andamento das obras de reforma do principal santuário do candomblé em Salvador. Acompanhado do presidente da Fundação Gregório de Mattos, Francisco Sena, e do artista plástico Bel Borba, o prefeito conheceu o gradil de ferro decorado com motivos africanos e símbolos da religião afro-brasileira, de autoria do artista, e que foi instalado na Praça de Oxum, na entrada do terreiro. Depois da visita, ele se dirigiu até a casa de Xangô para cumprimentar mãe Tatá (Almira Cecília dos Santos) ialorixá da Casa Branca.

Até agora, já foram feitas obras de contenção da encosta e drenagem da água pluvial no terreiro. Ainda faltam a urbanização e o projeto de paisagismo da Praça de Oxum. Durante as próximas semanas as obras serão suspensas devido ao Osé, cerimônia de preparação para o ritual das Águas de Oxalá, que acontece na próxima quinta-feira à noite. “A prefeitura está respeitando o calendário festivo do terreiro. Existem cerimônias em que não é permitido fazer escavações ou mexer com a terra. Nesses períodos, as obras são paralisadas para não interromper o ciclo de celebração aos orixás. Nenhuma intervenção pode ser feita aqui dentro sem respeitar os momentos religiosos da casa”, explicou o prefeito.

A cerimônia das Águas de Oxalá é uma das mais importantes do calendário da Casa Branca, informa o antropólogo e ogã do terreiro, Ordep Serra. Segundo ele, Oxalá, por ser o pai dos orixás, é celebrado com uma festa especial, em que todos os participantes usam roupas brancas. Depois da semana de preparação e da festa na quinta-feira, serão guardados mais três domingos em honra ao orixá.

Nesse período, além das obras de reforma que ficarão paralisadas, também é proibida a entrada de qualquer pessoa usando roupas escuras no terreiro e as oferendas aos orixás não podem conter azeite-de-dendê ou temperos fortes. “Este é o período da chamada comida branca”, acrescenta Ordep Serra.

Tombado como patrimônio histórico e cultural desde 1984, o terreiro da Casa Branca, cujo nome em iorubá é Ilê Axé Yá Nassô, é um dos mais antigos de Salvador. Ordep Serra calcula que ele tenha mais de 150 anos. A Casa Branca foi fundada na Barroquinha por três princesas africanas vindas das cidades de Oió e Ketu. Por causa disso, o terreiro é regido por Xangô (rei de Oió) e Oxóssi (rei de Ketu), além de receber também influência de Oxum.

Ainda no século XIX o terreiro foi transferido para a antiga roça do Engenho Velho. Do Ilê Axé Yá Nassô, nome de uma das princesas africanas, tiveram origem mais dois dos principais terreiros da cidade, o Gantois (Ilê Axé Yá Massê), na Federação, e o Ilê Axé Opô Afonjá, na antiga roça de São Gonçalo do Retiro.

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