As divindades ou deuses adorados na religião Lukumi são chamados orishas. Todos os orishas são emanações diretas e representativas de Olodumare, que criou a Terra e a povoou com eles para ajudar e supervisionar a humanidade. Os orishas servem de mediadores com o cosmos e são os maiores meios de comunicação com o Ser Supremo.

Cada divindade está relacionada com algum aspecto da natureza, bem como está encarregada de algum elemento da existência humana. Os orishas podem representar todas as virtudes e qualidades do divino e sacrossanto, todavia, são quase humanos em suas características e maneiras. São celestiais e terrenais a um só tempo. Alguns orishas são categorizados como serenos, calmos ou plácidos em seu caráter e relacionamento com a humanidade. Outros, tendem a ser muito humanos: esquentados, excêntricos, ou erráticos, às vezes gentis, racionais, cuidadosos e generosos em outras. Um Olorisha muito antigo em Cuba, falou uma vez acerca de Yemojá e seus sacerdotes, a respeito de seu caráter, sendo “…como as marés: por vezes altas, em outras, baixas.” Isto, bem pode ser aplicado a todos os orishas.

Estes atributos quase humanos dos orishas Lukumis têm um importante papel no desenvolvimento e continuidade da religião. Estas são divindades com as quais o ser humano pode identificar-se. Elas têm virtudes e falhas. Os orishas não são a perfeição ou a excelência personificadas. Isto os coloca em um nível que o devoto pode reconhecer e empregar para entender e aceitar suas próprias virtudes e defeitos, criando, assim, um laço entre ele e a divindade, construído a partir do relacionamento e identificação pessoais com um orisha.

O número exato de orishas adorados pelos iorubas é difícil de calcular. Estima-se o número de 401, contudo, esta quantidade conduz à especulação. Na Iorubalândia há séries de orishas que são reconhecidas e adoradas por todos os seguidores da religião ioruba, e há alguns orishas que são conhecidos e adorados somente em determinadas cidades ou aldeias. No Novo Mundo, as divindades mais conhecidas mostraram-se capazes de conservar seus seguidores, ao passo que os orishas regionais que fizeram sentir sua presença numa escala menor, terminaram por se perder ou perderam os padrões de adoração empregados em seu culto.

Muitos orishas foram capazes de sobreviver à viagem transatlântica e reinstalar-se em Cuba. Contudo, tiveram que se adaptar para garantir sua sobrevivência. Em Cuba, as funções exercidas por um orisha ou o papel que desempenha, tiveram que buscar um lugar entre a estrutura da ilha e da sua sociedade. Os orishas que não tiveram utilidade prática ou necessidade na nova ordem, foram esquecidos, diminuídos de posição ou status, ou incorporados aos “caminhos” (qualidades) ou avatares dos deuses mais importantes, com quem compartilham similaridades. Os orishas “mais fortes” absorveram os “mais fracos”. Como resultado, a iniciação no culto a certos orishas é executada através das divindades “mais fortes”, em cerimônias chamadas “oros”. Um sacerdote de Aganjú é ordenado através de Shangó, classificando-se esta iniciação como Shangó com “oro” para Aganjú. Erinle é feito através de Yemojá: Yemojá “oro” para Erinle.

Esses orishas regionais que sobreviveram e conservaram alguns seguidores não foram tão amplamente ou freqüentemente adorados, e o conhecimento sobre eles não foi tão divulgado na ilha. Isto, com o decorrer do tempo, resultou na perda de orishas que sobreviveram à escravidão, mas que não o conseguiram com relação aos efeitos do tempo. Um bom exemplo disto é Oshumaré, divindade do arco-íris, desaparecida em Cuba após a morte da última sacerdotisa versada em seu culto e rituais, ocorrida em meados do século XX. Esta sobrevivência parcial, também racionaliza as discrepâncias e a larga divergência nas informações, por vezes conflitantes, que os devotos oferecem sobre os aspectos e padrões de adoração dessas divindades.

Há duas categorias principais de orishas: aqueles existentes desde tempo imemorial, que para a presente finalidade denominaremos “celestiais”, e aqueles orishas que foram pessoas efetivamente existentes ou heróis históricos divinizados, elevados ao status de orishas após suas mortes e que ora serão catalogados como orishas “terrenais”. Em alguns casos (v.g. Jakutá e Shangó; Oduá e Oduduwá) esses ancestres divinizados usurparam o culto das divindades mais antigas e hoje formam parte do sistema de culto estabelecido para os orishas mais antigos.

Em Cuba, os orishas sofreram um processo de transformação que também alterou sua posição dentro do panteão, mudou seu caráter ou personalidade, eliminou, diminuiu ou incrementou seus domínios naturais ou, ainda, lhes atribuiu elementos que não são essencialmente iorubas. Oshún, divindade de um rio na Iorubalândia, tornou-se “dona” exclusiva de todos os rios em Cuba. Yemojá, cultuada principalmente no rio Ogún, tornou-se a “dona” dos mares. Oduduwá, a causa de seu sincretismo com São Manoel, tornou-se o “rei dos mortos”. Erinle foi transformado em “médico divino”, papel atribuído pelos católicos a São Rafael. Yewá, orisha lacustre e fluvial, foi transplantada ao cemitério.

Também como conseqüência de processos sincréticos, os orishas, muitas vezes, são designados por “santos”. A iniciação no culto a um orisha é conhecida pelo termo “hacer santo—fazer santo”. As celebrações anuais efetuadas para os orishas, atualmente, têm lugar nos aniversários dos santos católicos com que são identificados. Em Cuba, não é incomum ver “tronos”, santuários ou altares levantados para rituais e celebrações, que contenham símbolos e recipientes iorubas para os orishas, bem como as imagens dos santos católicos. Também não é incomum a utilização de certos paramentos relacionados com estes últimos, para ornamentar os orishas Lukumis. O Shangó dos Lukumis, freqüentemente tem espadas colocadas entre seus instrumentos, objetos originalmente atribuídos a Santa Bárbara, a quem Shangó é equiparado. Um caminho (qualidade) de Obatalá, chamado Oshalufón, sincretizado com o Sagrado Sacramento, usualmente tem um cálice de prata colocado à sua frente para asemelhá-lo às litografias do Sagrado Sacramento. Obá Moró, justaposto com Jesus de Nazaré, usa coroa de espinhos e réplicas de prata da Paixão de Cristo. Embora os adoradores distingam claramente o orisha Lukumi do santo católico, é irrefutável que o sincretismo soube como se fazer presente.

Séries de mitos ou patakis, também aparecem para ajudar a explicar as transformações que tiveram lugar em Cuba. Um excelente exemplo, é o mito que relata a união amorosa entre a casta Yewá e o sensual e promíscuo Shangó:

Yewá era uma das filhas de Oduduwá. Era a mais bela mulher que alguma vez pisara a Terra; a mais formosa flor do jardim de Oduduwá. Para os olhos paternos, Yewá simbolizava perfeição, a tal ponto, que Oduduwá lhe fez prometer nunca se casar e jurar que se manteria virgem e pura (de corpo e pensamento) por toda a eternidade. Assim que a fama de sua beleza se espalhou, Shangó disse “Aha! Não há mulher no mundo que possa me resistir. Vejamos de verdade, quão fiel Yewá é a seus votos!”. Shangó pôs-se a caminho para conquistar Yewá. Um dia, enquanto visitava o palácio de Oduduwá, Shangó passou sob a janela de Yewá e, extasiado com sua beleza, figurativamente violentou-a com seu olhar inquiridor. Yewá notou o galante guerreiro e sentiu-se tocada pelo seu intenso e hipnotizante olhar, imediatamente enamorando-se louca e apaixonadamente por Shangó.

Este encontro foi suficiente para Yewá reconhecer ter violado a promessa feita ao pai. Em conseqüência, confessou seu pecado e condenou a si mesma a retirar-se a um lugar onde pudesse viver em completa solidão por toda a eternidade. É por isto que Yewá mora no cemitério.

Os orishas possuem gostos e aversões. Cada um tem preferência por determinadas cores, utilizadas em seu culto e em seus atributos. Colares de contas (eleké) e demais paramentos que lhe estão relacionados, devem ser elaborados em conformidade a este código. Cada orisha também tem preferências com relação aos animais que lhe são sacrificados e alguns possuem tabus alimentares e comportamentais que os seguidores frisam em jamais violar por temor a incorrer em alguma ofensa à divindade. Cada orisha, também tem um número relacionado com seu culto, que serve para determinar a quantidade de ítens que comporão as oferendas propiciadas por seus devotos. Alguns orishas requerem códigos particulares de vestimenta, moderação no falar, proibição do uso de linguagem vulgar em sua presença ou tabus a certos lugares, ao intercurso sexual ou à promiscuidade.

A seguinte descrição dos orishas Lukumis, leva em conta as características, funções e atributos de cada orisha, de acordo com as perspectivas ioruba e Lukumi, correspondendo a uma descrição muito básica dos orishas e nada mais que isso. Por não ser fluente em ioruba, escrevi os nomes dos orishas empregando a ortografia anglificada ou ocidentalizada do ioruba, utilizada por antigos estudiosos, e não propriamente ioruba.

Orisha: Eshú-Elegbá (Elegguá)

Sincretismo Católico: Sagrado Menino de Atocha
Celebração: 3 de Junho
Vestimenta: Vermelha, preta e branca.
Miçangas: Vermelhas e pretas; brancas e pretas; vermelhas, brancas e pretas.
Ferramenta ritual: Um garabato—espécie de bastão, comumente feito em madeira de goiabeira.
Sacríficios: Bodes, agutis, tartarugas, galinhas ou frangas, e galos
Tabu: Óleo da amêndoa do côco do dendezeiro.
É proibido assoviar na casa onde mora Elegbá.
Números rituais: 3, 7, 11, ou 21

Elegbá abre e encerra todo ato religioso. É encontrado nas encruzilhadas e esquinas, na montanha, à beira do mar, no rio, no meio-fio da calçada, ou à porta de nossas casas. Elegbá está em todos os lugares. Está presente sempre onde exista uma manifestação humana, observando tudo o que ocorre, já seja bom ou ruim, para relatá-lo a Olorun. Podemos dizer que Elegbá serve de olhos a Olorun na Terra.

Elegbá vive centrado entre as forças do bem e do mal. Quando alguém se corporta de acordo com a Lei Divina, ele manipulará as forças do bem, ire, concedendo-lhe bençãos. Pelo contrário, se alguém se comporta erradamente, ele abrirá o caminho a forças malignas, tais como ofo, ikú, arún, eyó (perda, morte, doença, tragédia) entre outras, castigando-o diretamente.

Alguns caminhos (qualidades) de Elegbá são: Eshú Bi — encarregado de distribuir tarefas entre seus camaradas; Eshú Ayankí (Añaguí) — mora nas praias do oceano e é a origem de todos os Elegbá; Eshú Lagbana — que espreita em lugares solitários; Eshú Laroyé — o Eshú da traquinagem; Eshú Merinlayé — Eshú das encruzilhadas; Eshú Ayé — o bruxo; Eshú Baralainye (Baralaiñe) — companheiro de Shangó que “preserva” o segredo do fogo do orisha do trovão; Eshú Awanilegbé — quem providencia comida para Ogún.

Orisha: Ogún

Sincretismo católico: São Pedro
Celebração: 29 de Junho
Vestimenta: carmesim; posteriormente o verde, o preto, e o vermelho ganharam popularidade como cores para as vestes de Ogún.
Miçangas: Verdes e pretas; verdes, pretas e vermelhas; marrons e pretas.
Ferramenta ritual: Facão.
Sacrifícios: Bodes, cachorros, agutis, galos, pombos, galinhas d’Angola, e caça de um modo geral.
Tabus: Nenhum
Números rituais: 3, 7, e 21.

Deus do ferro e da guerra. Ogún é o patrono dos ferreiros e de todos os que trabalham em lugares em contato com ferro ou metais. Hoje em dia, todas as coisas feitas de ferro ou seus derivados, pertencem a Ogún. Por esta razão, em nossas sociedades industrializadas, Ogún está relacionado com estradas-de-ferro, aviões, automóveis, carretas e qualquer coisa feita de metal. Ogún representa e executa a justiça de Olorún na Terra. De acordo com a maioria das fontes, a adoração e respeito dos iorubas por Ogún são tantos, que os sacerdotes tradicionais, quando testemunham em Juízo, ao invés de jurar sobre uma Bíblia como os cristãos, fazem-no sobre um pedaço de ferro. Esta prática é aceita e reconhecida nas cortes nigerianas, conhecedoras do respeito dos iorubas por Ogún e do medo pela sua raiva.

Alguns dos seus caminhos (qualidades) são: Arere — o açougueiro; Alagbedé — o ferreiro; Shibirikí — o arquiteto; Onile — o rei que abandonou o trono pelo chamado da caça; Tenshowé — Ogún da agricultura, amigo íintimo de Orishaokó.

Orisha: Oshosi (Ochosi)

Sincretismo católico: São Norberto
Celebração: 6 de Junho
Vestimenta: Azul escura e dourada, enfeitada com couro e cauris (búzios).
Miçangas: Azuis escuras, ambarinas e vermelhas, com contas de coral e de azeviche.
Ferramentas rituais: Arco e flecha.
Sacrifícios: Bodes, cervos, agutis, galos, codornas, pombos, galinhas d’Angola e toda caça.
Tabus: Nenhum
Números rituais: 3, 7, e 21

Oshosi é o orisha da caça. Protege a todos os injustamente perseguidos e pune o culpado. É amigo íntimo de Elegbá e de Ogún, com quem divide muitos domínios em comum. Os escravos fugitivos suplicavam o socorro de Oshosi para escapar de seus amos brancos. Invocavam Oshosi para que lhes impedisse de encontrar o seu rastro, uma vez que Oshosi é conhecido por possuir a habilidade de entrar na densidade das florestas e encontrar o caminho de saída sem a menor dificuldade. Contudo, Oshosi não mora na floresta.

Ainda que Oshosi entre na floresta, o faz somente para caçar. Oshosi é um orisha urbano, vivendo em companhia de Obatalá. Foi o caçador favorito de Obatalá e brindou todos os frutos do seu trabalho à divindade da criação. Passou a maior parte da sua vida a serviço daquele, vivendo em seu palácio e não na floresta.

Oshosi foi o primeiro feiticeiro ou mago Ioruba. A palavra oshó, em ioruba, significa feiticeiro. Os Lukumis habitualmente associam-no a práticas mágico-religiosas bantus, conhecidas na ilha como Regla de Congos ou Palo Mayombe. Como resultado, muitos incluem, entre seus objetos, um vititi mensu Congo, instrumento divinatório preparado e empregado pelos sacerdotes bantus. Oshosi não tem qualidades.

Orisha: Erinle (Inle)

Sincretismo católico: São Rafael
Celebração: 24 de Outubro
Vestimenta: Azul-turquesa e rosa, enfeitada com cauris.
Miçangas: Coral, azeviche e ouro; azul-turquesas, intercaladas com coral, contas amarelas e opalas. Um peixe metálico de metal é fixado em seu eleké (colar)
Ferramentas rituais: Vara de pescar; arco e flecha.
Sacrifícios: Carneiro, ovelha, peixe, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: As folhas do álamo (Ficus religiosa, L.)
Número ritual: 7

Melhor conhecido entre os devotos como o “médico divino”, Erinle é o orisha padroeiro dos pescadores, não obstante ser muito venerado por seu conhecimento da medicina tradicional e do poder das ervas; arte esta que divide com seu irmão Osayín. Principalmente por possuir este conhecimento, é considerado um “médico” ou “curador”. Assim como seu irmão Oshosi, também é patrono dos caçadores. Diz-se que Oshosi caça na terra e Erinle caça nos rios.

Erinle foi um rei poderoso e rico, altamente respeitado por sua maestria na arte da adivinhação. As tradições orais Lukumis enfatizam que poderia ter possuído habilidades telepáticas. Erinle pode ser encontrado no rio ou no mar, mais precisamente onde os dois se juntam. Em Cuba, os devotos de Erinle são iniciados através de Yemojá, em uma cerimônia conhecida por oro—Yemojá oro Erinle. Os cauris dela servirão para o médium se comunicar com Erinle. Ainda que possua seus próprios cauris, Erinle não “fala” através de seu dilogún.

Erinle não tem qualidades.

Orisha: Osayín (Osaín)

Sincretismo católico: Santo Ambrósio ou São Silvestre.
Celebração: 31 de Dezembro.
Vestimenta: Não tem cores específicas.
Miçangas: Contas de todas as cores, às vezes são utilizados ossos e peças de madeira.
Ferramenta ritual: Cabaça.
Sacrifícios: Bodes, carneiros, tartarugas, galos, codornas, pombos, galinhas d’Angola e qualquer caça.
Tabus: As mulheres não podem passar sob a sua cabaça. Não deve morar perto do assentamento de Oyá.
Números rituais: 7, 21

Tradicionalmente, é o orisha curador que habita na floresta. Tudo na natureza está à sua disposição. Osayín é um orisha indispensável, pois sem a sua ajuda, a adoração a outros orishas não seria possível. Sem as ervas necessárias provistas por um Olú Osayín, a consagração de um orisha é inviável. Osayín é o deus da medicina tradicional. Todas as ervas do mundo são sua propriedade e ele as provê para salvação da humanidade e também as divide com os outros orishas.

Na religião Lukumi, Osayín não possui sacerdotes. Seus seguidores são identificados pelos oráculos ou por ocasião de seus nascimentos. Crianças nascidas com dedos adicionais são consideradas verdadeiras Olú Osayín. Ainda que os omó de Osayín não tenham necessidade de serem ordenados, quando a ordenação se faz necessária, serão então iniciados para Shangó e Osayín lhes será consagrado. Acredita-se que Osayín é o “padrinho” (babalorixá) de Shangó, seu maior e mais íntimo aliado, que ensinou a Shangó a arte da magia, pelo que Osayín recebe este reconhecimento de Shangó.

Osayín é considerado um orisha misterioso. Fenomenal e grotesco em aparência, é descrito como sendo de tamanho pequeno, com apenas um olho, uma mão, um pé, uma orelha minúscula que lhe permite ouvir uma formiga gritando a milhas de distância, e a outra, maior do que a própria cabeça, com a que não escuta absolutamente nada. Segundo a lenda, não teria nascido com esse aspecto. Sua aparência grotesca é devida a um conflito tido com Orúnmilá, em que este usou a própria magia de Osayín para desfigurá-lo assim.

Orisha: Orishaokó (Orichaocó)

Sincretismo católico: São Isidoro.
Celebração: 15 de Maio.
Vestimenta: Vermelha, enfeitada com adereços dourados. Numa segunda versão, pode ser turquesa e rosa, com laços e adereços dourados.
Miçangas: Turquesas, rosas, intercaladas com algumas vermelhas e com opalas, contas de coral e de azeviche.
Ferramentas rituais : Carroça puxada por um boi e arado.
Sacrifícios: Bode, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum.
Número ritual: 7

Orishaokó é o orisha da agricultura e da colheita: o lavrador da terra. Com seu arado, Orishaokó fecunda ilé (a terra), colmando suas entranhas de sementes que nutrirão a descendência dela. Alguns de seus símbolos, amiúde são fálicos. Dentre seus paramentos rituais, encontramos um seixo de argila e duas pequenas nozes de côco, pintadas de vermelho e branco. Acredita-se que o seixo simbolize o pênis e as nozes de côco os testículos. Seu auxílio é solicitado em casos de infertilidade ou impotência. Orishaokó vive simultaneamente nas terras de cultivo e na floresta. Os filhos de Orishaokó são iniciados através de Yemojá, com oro para Orishaokó. Não tem qualidades.

Orisha: Babaluaiyé (Babalú Ayé)

Sincretismo católico: O popular São Lázaro, adorado por milhões em Latinoamérica e ainda não reconhecido oficialmente pela Igreja como santo.
Celebração: 17 de Dezembro
Vestimenta: Carmesim e de estopa.
Miçangas: As cores dependem das qualidades, ainda que a maioria use contas brancas rajadas de azul, enfeitadas com contas de coral e de azeviche.
Ferramenta ritual: O “já”, cetro semelhante a uma vassoura, elaborado com as nervuras das folhas novas do coqueiro.
Sacrifícios: Bodes, codornas, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Sementes de sésamo e cascas de amendoim.
Números rituais: 7, 17

É o orisha da varíola, da lepra e de toda doença contagiosa, é num sentido mais amplo, a divinização da doença. Para muitos, Babaluaiyé é a Cólera Divina de Olodumare que, uma vez liberada, freqüentemente se torna incontrolável. Na África, este orisha é respeitado e temido por se acreditar que provoque grandes epidemias. Em Cuba, parcialmente influenciado pelo paralelismo com São Lázaro, é solicitado para provocar doenças e epidemias.

Notadamente em Cuba, os Ararás (de origem Ewe Fon) são mais versados nos rituais deste orisha que os Lukumis (de origem ioruba), de vez que se acredita ter o Babaluaiyé adorado no Daomé (atual Benin), migrado à Iorubalândia.

Babaluaiyé é considerado o padroeiro dos pobres e dos desolados. Habitualmente vagueia sozinho pelas florestas. Em algumas localidades iorubas, quando entra na cidade, aspergem água ao ar livre para apaziguar sua fúria. Em Cuba, quando as canções de Babaluaiyé são entoadas em um wemilere ou bembé, derrama-se água no solo e todos os presentes umedecem a ponta dos dedos para depois ungirem suas testas. Em Matanzas, os omó de Babaluaiyé são ordenados diretamente em seu culto, conquanto isto não ocorra em La Habana, onde os omó são ordenados também para Yemojá ou para Obatalá, após terem se consagrado a Babaluaiyé.

Há dois orishas femininos relacionados com Babaluaiyé: Nanúme—sua mãe, e Naná Burukú—sua esposa (detallada mais adiante). A primeira, também está associada à contenção de doenças contagiosas, especialmente de úlceras ou lesões da pele. Também está associada com o câncer e acredita-se que mantenha a doença sob controle. Nanúme recebe sacrifícios de cabras, galinhas, pombas e galinhas d’Angola. Veste roupas pretas ou de estopa e é sincretizada com Santa Marta. Não se tem registro de nenhum omó direto de Nanúme.

Orisha: Dadá & Bayaní (Ibañálé, Abañálé)

Sincretismo católico: Nossa Senhora do Rosário e São Raimundo Nonato.
Celebração: – .
Vestimenta: Branca com adereços vermelhos.
Miçangas: Brancas e vermelhas, enfeitadas com cauris.
Ferramenta ritual : Coroa feita de cabaça, com fileiras pendentes de contas e cauris
Sacrifícios: Cordeiro, pombos e galinhas d’Angola (algumas linhagens sacrificam galos)
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 4, 6, e 12

Dadá é o deus das crianças não nascidas. É um dos orishas relacionado com o desenvolvimento e cuidado do embrião humano. Acredita-se que crianças nascidas com tufos de cabelo à semelhança de uma coroa, sejam filhos de Dadá. Os Lukumis acreditam que Dadá é a irmã mais velha que criou Shangó. Dadá e Bayaní estão especialmente ligados a Shangó, através de qual os omó de Dadá são ordenados, ainda que as pessoas com Dadá como orisha tutelar, sejam muito poucas. Na Cuba pré-revolucionária, houve um mero punhado de ordenações para Dadá. Bayaní é a coroa de Shangó, uma conselheira pacifista que o ajuda a governar com a cabeça no lugar. Como no caso de Erinle e de Abatán, estes dois orishas são consagrados juntos. Os símbolos de Dadá ficam em um recipiente coberto pela cabaça-coroa enfeitada com contas e cauris que representam Bayaní. Da primeira, diz-se que nutre o omó de Shangó para quem o orisha é consagrado. Acredita-se que a última propicie razoabilidade e juízo, bem como estabilidade espiritual e física.

Dadá é um orisha enigmático. Na maioria dos mitos Lukumis, Dadá é descrito como a irmã mais velha de Shangó, sendo-lhe creditada sua criação. Contudo, no ritual, e especialmente na ordem de cantos, Dadá é agrupado aos orishas masculinos. Os instrumentos de Dadá, dentre eles destacaremos o edún ará—pedra-de-raio, são principalmente masculinos. Bayaní é quem possui mais atributos femininos, representados pelas doze tranças que pendem da cabaça-coroa, feitas com contas e cauris.

Orisha: Aganjú

Sincretismo católico: São Cristóvão.
Celebração: 16 de Novembro
Vestimenta: Bordeaux, ornamentadas com cores variadas e adereços dourados.
Miçangas: Marrom-avermelhadas e contas opalinas de várias cores.
Ferramenta ritual: Um machado sustentado por um cabo central, com duas lâminas, uma em cada extremo do cabo.
Sacrifícios: Bode castrado, bode, bezerros, codornas, pombos e galinhas d’Angola (algumas linhagens sacrificam galos).
Tabus: Nenhum
Número ritual: 9

Aganjú é o orisha do deserto e do vulcão. É a força bruta, mas regenerativa, divinizada como orisha. Possivelmente por causa da associação com São Cristóvão, também é considerado o orisha dos viajantes. Dependendo da versão, Aganjú também é o pai do irmão mais novo de Shangó, que governou como 5º Alafín de Oyó.

Seu domínio principal é o deserto. Quando os iorubas migraram para sua morada atual, depois de terem viajado por anos através do deserto, a adoração de Aganjú declinou. Muito do conhecimento relacionado ao orisha, eventualmente foi perdido. Em Cuba, Aganjú adquiriu maior popularidade como orisha a partir do início do século XX. Como conseqüência da obscuridade que envolve este culto, seus omó são ordenados através de Shangó. Aganjú não possui qualidades.

Orisha: Shangó

Sincretismo católico: Santa Bárbara
Celebração: 4 de Dezembro
Vestimenta: Vermelha com adereços dourados.
Miçangas: Vermelhas e brancas.
Ferramenta ritual: Um machado duplo.
Sacrifícios: Carneiros, bezerros, tartarugas, codornas, galos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum
Número ritual: 6

Deus do trovão, do fogo e da virilidade. Shangó foi o quarto Alafín—rei—do Império de Oyó, uma poderosa nação da África Ocidental que exerceu considerável controle sobre a área durante quatro séculos. Após sua morte, Shangó foi divinizado e ascendido ao status de orisha. Sua adoração tornou-se tão popular que eclipsou o culto dos primeiros deuses do trovão, chamados Jakutá—lançador de pedras, e Oramfé (Oranifé)—uma divindade de Ilé Ifé.

Shangó é provavelmente o orisha mais popular do panteão Lukumi. Isto é provavelmente influência dos inumeráveis mitos que descrevem seu charme e natureza viril, recontando suas múltiplas aventuras românticas com diversas mulheres.

Shangó despreza as mentiras e a fofoca. Sua raiva faz-se evidente através do trovão e do raio. Quando é ofendido, transforma-se na tormenta ameaçadora cujo raio executa suas sentenças. Também é um carrasco a serviço de Olodumaré—punindo àqueles que ofenderam o Criador ou violaram seus ditames divinos.

Quando Shangó possui alguém, é um ávido dançarino cheio de maestria. Brande seu oshé— machado duplo— através do ar, simbolicamente retalhando a maldade ou decepando a cabeça de um inimigo. Tem relacionamento direto com muitos orishas. Obá foi sua esposa legítima, porém, sua falta de beleza o distanciou dela. Ele encontrou sua igual em Oyá, sua segunda esposa, companheira e confidente. Oyá e Shangó são tão afins que podem ser descritos como duas caras de uma mesma moeda. A sensual Oshún foi sua mulher preferida. Esta é o único orisha que conseguiu manipular Shangó em alguma coisa. Quando se encontram em um wemilere, Shangó quase sempre tentará seduzir Oshún e ela o ignorará com cinismo sedutor, típico desta orisha dada aos flertes.

Em La Habana, Shangó não possui qualidades, mas os Olorishas em Matanzas identificam qualidades para Shangó.

Orisha: Obatalá

Sincretismo católico: Nossa Senhora das Mercês.
Celebração: 24 de Setembro.
Vestimenta: Branca com adereços prateados.
Miçangas: Brancas, intercaladas com marfim e madrepérolas.
Ferramentas rituais: Espanta-moscas de rabo de cavalo branco ou de vaca; uma bengala.
Sacrifícios: Cabra, bode, galinhas, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Sal, azeite-de-dendê e licor.
Número ritual: 8

Obatalá é o orisha da criação, da paz e da pureza. Seu nome significa “rei que veste de branco” ou “rei de roupas brancas”. Olodumaré lhe confiou a criação dos seres humanos. Mas Obatalá amava o vinho-de-palma, e uma noite, sob os efeitos do vinho, acidentalmente criou um número de seres deformados. Deste descuido nasceram o albino, o anão, o corcunda, o torto, o coxo e outros seres humanos malformados. Ainda que se lhe tenha confiado a modelagem dos corpos, a vida é domínio exclusivo de Olodumaré, e naquele entardecer em que Olodumaré desceu para assoprar vida à criação de Obatalá, aquela prole de Obatalá cobrou vida. Desde aquele dia, todo indivíduo com algum defeito de nascença é considerado um ení orisha — protegido pelo orisha— e um omó de Obatalá. Toda pessoa com qualquer tipo de defeito físico, deverá ser ordenada para Obatalá, ainda que seu orisha tenha sido previamente identificado como qualquer outro.

Os Lukumis reconhecem numerosas qualidades ou avatares de Obatalá. Por serem muitos, há uma grande variedade na personalidade deste orisha. Ajáguna — o poderoso guerreiro e amante da guerra que muitos consideram ser o Shangó dos Obatalás; o enfraquecido Yekú Yekú— cego e corcunda, que representa os pensamentos na ancianidade e a sabedoria que a acompanha; Alagéma— o camaleão que testou a solidez da Terra para assegurar que fosse suficientemente firme como para nela se estabelecerem os humanos; e Oshaogiyán— o maduro, qualidade equilibrada de Obatalá, que conhece o sofrimento causado pela guerra e tenta consolar a humanidade com maturidade e compreensão. Algumas qualidades—Oshanlá (Orishanlá), Obanlá, e Erú Ayé— são consideradas femininas, numa clara influência Egbado. Há cerca de cinqüenta qualidades de Obatalá. Ademais, Obatalá tem vários delegados, um grupo inteiro de divindades tipicamente referidas como orishas fúnfún — orishas brancos— que serão descritas mais adiante.

Orisha: Oduduwá (Oduá, Odúduá)

Sincretismo católico São Manoel.
Celebração: 1º de janeiro
Vestimenta: Branca com adereços prateados.
Miçangas: Opalas, com coral, madrepérolas e marfim.
Ferramenta ritual : Cabaça fechada.
Sacrifícios: Bodes e cabras, galos, galinhas, pombos e galinhas d’Angola, todos brancos.
Tabu: Promiscuidade sexual.
Número ritual: 16

Oduduwá é um orisha um tanto quanto controvertido. A divindade original, Oduá, acompanhou Obatalá à Terra. Embora a maioria coincida em dizer que foi a sua concubina, outros a colocam como sendo um aspecto feminino, ou complemento, de Obatalá. Em algum ponto da história, um poderoso guerreiro do Norte chegou ao país ioruba, conquistou-o, e eventualmente instalou a si mesmo como o primeiro Oní ou rei de Ilé Ifé. Este guerreiro é Oduduwá, considerado por muitos o progenitor da raça ioruba e o ancestre do qual, todos os reis de Ifé reivindicam descender, até nossos dias.

Como no caso de Shangó, a popularidade de Oduduwá ofuscou a de Oduá, a divindade original. Depois da morte de Oduduwá, indubitavelmente este passou a ser muito mais reverenciado que a divindade original, em razão de seus méritos como guerreiro, a adoração de Oduá foi banida pela veneração ao guerreiro. O resultado é um tipo de sincretismo entre Oduá e Oduduwá, em que as duas divindades fundem-se para formar uma única. A mais forte absorveu a mais fraca. É por isto que os Lukumis consideram Oduduwá um orisha masculino. Acredita-se que haja mais do que cento e vinte de suas qualidades.

Possivelmente pelo sincretismo com São Manoel, em Cuba, Oduduwá tem o título de “Rei dos mortos”. É um orisha estreitamente ligado à vida e à morte. Na tradição Lukumi, quando é tempo de um ser humano retornar ao orún, Oyá vem para conduzir a alma ao além. Babaluaiyé leva o cadáver às portas do cemitério, onde Oba “documenta” sua chegada. Boromú e Borosiá levam o cadáver à tumba, onde Yewá o põe a descansar, e Oduduwá leva adiante o processo de putrefação, poupando apenas os restos do esqueleto.

Oduduwá é o mais respeitado e poderoso orisha na prática Lukumi. Assim como para Obatalá, a quem está muitas vezes ligado, as oferendas para Oduduwá são levadas aos pés de uma colina ou montanha, e devido à sua relação com a morte, também aceita oferendas no cemitério ou enterradas no solo. Seus omó são ao mesmo tempo ordenados diretamente a Obatalá ou através deste. De qualquer modo, a iniciação neste culto torna-se um fenômeno raro.

Orisha: Obá

Origem: Celestial
Sincretismo católico: Santa Catarina de Siena.
Celebração: 30 de Abril
Vestimenta: Bordeaux, adornada com adereços rosas e dourados.
Miçangas: Marrons, com opalas e coral. Uma pequena chave de ouro pende do seu eleké
Ferramentas rituais: Baú e chave
Sacrifícios: Cabras ou cabras castradas, galinhas, pombas e galinhas d’Angola.
Tabu: Oba proíbe o adultério.
Número ritual: 8

Orisha padroeira do matrimônio. Preside um rio na Nigéria que leva o seu nome. Oba é a esposa original e legítima de Shangó. De acordo com um mito, era simples de aparência e desprovida de beleza física. Shangó lhe prestou pouca atenção. Mesmo assim, foi sua esposa principal. Oba era desprovida das qualidades femininas e do coquetismo que Shangó encontrou em Oshún, a grande rival de Oba. Sua luta por conservar o amor e o interesse de seu marido, conduziu-a a cometer um ato brutal que destruiu seu matrimônio, eventualmente resultando no desprezo de Shangó e na morte dela mesma. Diz-se que o seu pranto foi tal, que as lágrimas derramadas formaram o rio que leva o seu nome.

Os Lukumis acreditam que Oba é uma irascível divindade guerreira que luta ao lado de seu marido. Ogún treinou-a na arte da guerra e ela brande uma espada ou um facão tão bem quanto qualquer homem. Mesmo assim, quando Shangó está deprimido ou apreensivo, ela substitui sua natureza belicosa pela compreensão, consolando seu marido e prestando-lhe suporte moral em todas suas lutas. Recentemente, perdeu-se a iniciação no culto a Oba. Seus omó são correntemente ordenados através de Oshún. Oba não possui qualidades.

Orisha: Yewá (Yeguá)

Origem: Celestial
Sincretismo católico: Nossa Senhora de Montserrat
Celebração: 27 de Abril
Vestimenta: Carmesim, ou rosa e carmesim.
Miçangas: Rosas e vermelhas (ou bordeaux), com coral e madrepérolas.
Ferramenta ritual: Nenhuma
Sacrifícios: Cabras, patas, galinhas, pombas e galinhas d’Angola, todas deverão ser virgens.
Tabus: Promiscuidade sexual e uso de linguagem vulgar em sua presença.Requere o uso de attire (atuendo específico) completo em sua presença.
Números rituais: 7, 9

Yewá é um orisha muito severo e recluso, intimamente ligado à morte. Acredita-se ser o orisha que vela pelo cadáver enquanto este é posto a descansar. Ainda que relacionada com atividades marítimas, é cultuada no cemitério, no rio e na lagoa. Suas oferendas favoritas são flores, particularmente as fragantes. Na tradição Lukumi, é considerada a mais bela e cobiçada flor do jardim de Oduduwá, a quem Shangó eventualmente seduziu e “desgraçou”.

Muitos sacerdotes afirmam que na Iorubalândia, Yewá era adorada dentro de uma caverna, que somente podia ser encontrada se nadando através de uma lagoa por ela governada juntamente com Olosá, orisha da lagoa. É descrita como uma rainha e quase uma amazona que proíbe o contato sexual a seus adoradores. Sua corte era atendida por eunucos sob a supervisão de Logún Edé. Yewá não possui qualidades.

Orisha: Oyá

Origem: Celestial
Sincretismo católico: Santa Teresa em La Habana; Nossa Senhora das Candeias em Matanzas.
Celebração: 15 de Outubro em La Habana; 2 de Fevereiro em Matanzas
Vestimenta: Carmesim e com estampas multicoloridas.
Miçangas: Uma conta marrom avermelhada com listras pretas e brancas; na seqüência, uma conta vermelha e outra marrom.
Ferramentas rituais: Uma chibata ou espanta-moscas de rabo de cavalo preto ou de vaca; facão.
Sacrifícios: Cabras, galinhas, pombas e galinhas d’Angola.
Tabu: Carneiro.
Número ritual: 9

Deusa do vento, do raio e do mercado. Oyá é uma temida divindade guerreira, quase uma amazona, que pode ser encontrada sempre que uma batalha é travada. Foi a única das esposas de Shangó que o acompanhou em seu triste final. O amor de ambos é tão grande e profundo que desde então, os dois se manifestam juntos. Sempre que o raio (Oyá) aparece no céu, o trovão (Shangó) não pode estar muito longe. Oyá desbrava o caminho para Shangó em muitas de suas grandes batalhas, facilitando-lhe a entrada e garantindo-lhe a conquista.

Os iorubas cultuam Oyá no rio que leva o seu nome (também conhecido por rio Níger). Em Cuba, ela perdeu suas qualidades fluviais. Os Lukumi associam Oyá com o cemitério, ainda que a verdadeira morada de Oyá seja o mercado. A associação com Egúngún (os ancestres) estende os domínios de Oyá às portas do cemitério. Ela é o único orisha capaz de aplacar a ira de Egúngún. Oyá acompanha toda alma humana às portas do orún. Com o iruké de Oyá — chibata feita da cauda de cavalo ou de vaca, os Olorishas limpam o cadáver do sacerdote ou sacerdotisa falecidos, simbolicamente abrindo um caminho limpo e seguro até o orún. Oyá não possui qualidades.

Orisha: Naná Burukú (Naná Burucú)

Origem: Celestial
Sincretismo católico: Nossa Senhora do Monte Carmelo.
Celebração: 16 de Julho.
Vestimenta: Rosa e preta com ornamentos dourados.
Miçangas: Rosas e pretas, com coral, contas de azeviche e cauris. Na cidade de Jovellanos, na Província de Matanzas, o eleké de Naná é confeccionado com uma conta amarela rajada de verde e vermelho e contas azuis-turquesa.
Ferramenta ritual: Um “já” curvo.
Sacrifícios: Cabras, porcas, galinhas, pombas e galinhas d’Angola.
Tabus: Não se lhe deve sacrificar com faca. Seu pote não pode ser colocado próximo ao assentamento de Ogún
Números rituais: 7, 9

A concubina de Babaluaiyé. Naná é uma orisha muito sagrada e austera. No Daomé (atual Benin), onde a sua devoção é tida como a mais importante, acredita-se que seja a mãe de Mawu-Lisa, o equivalente Ewe-Fon do Ser Supremo. No Brasil é considerada a avó dos orishas. Em Cuba, é exaltada como “descobridora”, sendo-lhe reconhecido o poder para tornar visíveis as doenças que possam se ocultar no corpo humano e que a medicina moderna não consegue encontrar. Também é conhecida como a mãe das águas frescas e é adorada na cabeceira dos rios e na lagoa.

Numa celebração que os orishas deram para honrar Ogún, o deus do ferro embriagou-se gravemente e como resultado, tornou-se extremamente arrogante. Naná Burukú, recusou-se a prestar homenagem a Ogún por ter aberto caminho para os orishas vindos do orún à Terra, e que naquela ocasião Ogún exigia como pagamento. Seu comportamento bêbado ofendeu-a. Desde esse dia, ela o rejeita e se recusa a aceitar qualquer metal em seus rituais. Desde então, os sacrifícios para Naná são efetuados com um pedaço de bambu afiado ou com uma faca de madeira. Naná não possui qualidades.

Orisha: Yemojá (Yemayá)

Origem: Celestial
Sincretismo católico: Nossa Senhora de Regla.
Celebração: 8 de Setembro
Vestimenta: Azul (todos os tons), branca, com adereços prateados.
Miçangas: Azuis (todos os tons), de cristal ou opalinas, com contas vermelhas e de coral.
Ferramentas rituais: Chibata ou espanta-moscas de rabo de cavalo ou de vaca preta; facão; âncora.
Sacrifícios: Carneiros, ovelhas, galos, patos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum
Número ritual: 7

Yemojá, junto com Oshún, são dentre os orishas femininos, os dois mais venerados pelos Lukumis. Contudo, por ser Yemojá de uma natureza mais austera, sua ajuda é solicitada com menos freqüência que a de Oshún. Yemojá pode ser serena como uma baía tranqüila ou tão violenta quanto um tufão. Seu nome significa “mãe dos peixes” (Iyá-omó-ejá). Na Iorubalândia, Yemojá preside o Rio Ogún, embora todas as águas do mundo sejam seu domínio. É o símbolo da maternidade: a mãe do mundo. Atribui-se a Yemojá ter dado a luz muitos orishas. É descrita como uma negra muito escura, com seios extremamente grandes que lhe permitem nutrir toda a humanidade.

Em Cuba, Yemojá é considerada a deusa do mar. É bem provável que durante toda a viagem da África ao Novo Mundo, os escravos, não sabendo o seu próprio paradeiro, tenham implorado o socorro de Yemojá. De qualquer modo, o oceano tornou-se o receptor das súplicas do escravo para estendê-las ao que hoje se acredita ser a morada de Yemojá. Yemojá pode viver no oceano ou no rio, em um lago ou numa lagoa, nos pântanos, bem como em um charco. Yemojá está presente em todos os corpos d’água.

Algumas de suas qualidades são: Ogúnté (Okuté) — andarilha, esposa de Ogún e que brande seu facão tão bem quanto seu marido; Ibú Ashabá — encontrada nas docas e representada pela âncora de um bote; Ibú Asesú — mensageira de Olokún, vive nas águas tranqüilas; Mojelewú (Mayelewó) — chefe do mercado; Ibú Aganá — vive nas nascentes ou cursos d’água.

Orisha: Oshún (Ochún)

Origem: Celestial
Sincretismo católico: Nossa Senhora de la Caridad.
Celebração: 12 de Setembro
Vestimenta: Amarela ou âmbar, com adereços dourados.
Miçangas: Ambarinas ou cor-de-mel, intercaladas com contas amarelas, verdes, vermelhas e de coral.
Ferramentas rituais: Sino de bronze; leque ornamentado com penas de pavão.
Sacrifícios: Cabras castradas, galinhas, pombas e galinhas d’Angola.
Tabus: Não genéricos, porém, algumas de suas qualidades possuem proibições específicas.
Número ritual: 5

A Vênus ioruba. Deusa do amor, da sexualidade, da beleza e coquetismo femininos; patrona de um rio na Nigéria que leva o seu nome. Nada é impossível para Oshún. É muito bondosa, mas pode tornar-se muito vingativa e rancorosa quando encontra oposição. Precisamente, em decorrência deste caráter irracional e teimoso, muitos consideram Oshún o mais frágil, ainda que o mais temido dos orishas. Quando chora, o faz de alegria; quando ri, o faz de raiva. Quando ofendida, aparenta ignorar o ofensor, atuando como se nada tivesse acontecido. Posteriormente, quando o ofensor provavelmente já tenha esquecido o ocorrido, ela lembrar-se-á daquela antiga dívida e exigirá imediata reparação. A dama quer, e quer agora! Oshún, quando ofendida, é famosa por atacar seu profanador através do sangue ou dos genitais. Muitas vezes, homens tornam-se impotentes após terem provocado sua raiva.

Ainda que, pelas virtudes de suas variadas funções no panteão ioruba, Oshún aparente ser uma divindade amistosa e gratificante, uma análise mais profunda nos revela que Oshún é uma divindade sofrida e aflita. Sua gargalhada e modos joviais são disfarces para esconder sua dor. Oshún foi uma grande rainha que governou caprichosamente através de seu marido Shangó. Ela sempre procurou fazer as coisas do seu jeito. Oshún gostava de todas as boas coisas da vida; adquiriu tudo o que uma mulher poderia desejar. E então, o perdeu! Oshún é a representação da feminilidade, bem como dos desejos que fazem a humanidade cometer, por vezes, erros dos quais haverá mais tarde de se lamentar. As formigas são suas mensageiras e as abelhas são suas grandes amigas produtoras de mel, elemento que lhe permite superar todos os obstáculos e tribulações.

Algumas de suas qualidades são: Ibú Ikolé — a feiticeira, relacionada com o abutre; Ibú Apará (Aparó; Akuaró)— esposa de Erinle que abandonou o trono para fugir com Shangó, perdendo todas as suas riquezas; Ibú Oló Lodí — esposa de Orúnmilá que é uma grande adivinha, tanto quanto o seu marido; Ibú Iyumú — a mãe e mais velha de todas as Oshún, mora no fundo do rio; Ibú Dokó — patrona do ato sexual, esposa de Orishaokó.

Orisha: Orúnmilá (Orúnlá)

Origem: Celestial
Sincretismo católico: São Francisco de Assis.
Celebração: 4 de Outubro.
Vestimenta: Verde e amarela com adereços dourados.
Miçangas: Verdes e amarelas.
Ferramenta ritual : O opón Ifá — tabuleiro oracular.
Sacrifícios: Cabras e galinhas.
Tabu: Nenhum
Número ritual: 16

Orisha da adivinhação, responsável pelo oráculo Ifá, sistema muitas vezes confundido com o próprio orisha. Ifá, como sistema profético, possivelmente seja o mais completo e acurado sistema divinatório empregado na África Ocidental. A origem do sistema, de acordo com alguns sacerdotes, não é inteiramente ioruba. Estudiosos e Olorishas argumentam que tenha se originado no Egito ou nas áreas desérticas. È interessante notar que Orúnmilá é a única divindade ioruba não representada por pedras. Este elemento adiciona ênfase à possível origem de Ifá nas áreas desérticas..

Os sacerdotes de Orúnmilá são conhecidos por Babalawos — pais do segredo (ou dos mistérios). Sacerdotes e devotos deste orisha usam em seus pulsos esquerdos um bracelete feito de contas verdes e amarelas, chamado “ide’fá”. O ide’fá possui poder para proteger seu portador contra a maldade e a morte inesperada. Muitos seguidores da religião usam este bracelete com o propósito de a morte não tomá-los da Terra para o Céu até que o destino decida que já é tempo para tanto.

Na Iorubalândia, bem como em Cuba, sacerdotes e devotos nunca tomam decisões importantes sem antes consultar os oráculos. Ainda não sendo o único oráculo, Ifá é um meio que guia a vida diária e o comportamento de muitos, proporcionando fé e esperança necessárias para tolerar e se resignar frente às muitas provas de resistência da vida.

Orúnmilá é personificado e representado pelo ikín — a noz do fruto do dendezeiro — sendo este um dos principais instrumentos utilizados na adivinhação de Ifá. O opón Ifá ou até, o tabuleiro oracular, também é uma ferramenta largamente empregada por Orúnmilá, jamais faz com que seus devotos entrem em transe, assim como tampouco possui qualidades.

Orisha: Olokún (Olocún)

Origem: Celestial
Sincretismo católico: Nenhum.
Celebração: Nenhuma.
Vestimenta: Azul escura com adereços prateados ou dourados.
Miçangas: Azul escuras, verdes, vermelhas, com coral
Ferramenta ritual: Nenhuma
Sacrifícios: Carneiros, ovelhas, porcos, patos, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabu: Requer o uso do attire completo em sua presença.
Números rituais: 7, 9, e 21

Olokún é o Netuno ioruba, dono das profundezas oceânicas. Em Cuba, Olokún é considerado fêmea pela maioria dos Olorishas, mesmo que em muitos escritos antropológicos seja descrito como um deus masculino. Parece ser que em algumas partes da Iorubalândia, Olokún é adorado como uma “mãe” divina. Contudo, todas as evidências apontam para o fato de Olokún ter sido originalmente concebido como uma divindade masculina.

Olokún mora em um palácio submarino removível, inteiramente feito de coral. O Odu Owaní’shé narra um mito que descreve ter Olokún alguma vez considerado a si mesmo, superior a Olodumaré. Depois de uma grande contenda de ânimos, da qual Olokún, logicamente, saiu perdedor, Olodumaré decretou que Olokún seria acorrentado ao fundo do oceano, donde ele poderia governar. Designou dois mensageiros para que lhe acompanhassem e trouxessem à Terra seus desejos: Yemojá Ibú Asesú e Ibú Ashabá. Provavelmente por isto, na religião Lukumi, Olokún é muitas vezes chamado de Yemojá-Olokún.

Olokún é um orisha muito enigmático, altamente respeitado, por vezes temido, em razão de sua ira ser grande e incontrolável. Em casos extremos ou quando ocorrem maiores holocaustos, pode determinar que suas oferendas sejam realizadas em alto mar. A maioria dos Olorishas teme realizar este ritual, porquanto se acredita que, finalizada a cerimônia, algum dos participantes, certamente, morrerá. Olokún não possui qualidades.

Orishas menores e Orishas cujo culto está ligado ou depende de um Orisha maior.

Orisha: Abatán

Sincretismo católico: Nenhum.
Miçangas: Nenhuma.
Ferramentas rituais Arco e flecha.
Sacrifícios: Os mesmos de Erinle
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 7 ou 2

Abatán é o orisha das terras alagadas. Companheiro de Erinle, acredita-se que more nos mangues que precedem o rio em que Erinle é cultuado na Iorubalândia. Em Cuba, Abatán é recebido e propiciado juntamente a Erinle e não possui um culto que lhe seja próprio. Muitos sacerdotes consideram Erinle como médico e Abatán, uma espécie de enfermeiro ou ajudante.

Orisha: Aroní

Sincretismo católico; Nenhum.
Celebração: 31 de Dezembro.
Vestimenta: Sem cores específicas.
Miçangas: Nenhuma.
Ferramenta ritual: Nenhuma.
Sacrifícios: Bodes, tartarugas e galos.
Tabus: Nenhum.
Número ritual: 7

Aroní é um orisha que trabalha próximo de Osayín e de Ayá. É descrito como uma criatura fenomenal com cabeça e rabo de cachorro e corpo humano que se mantém ereto sobre sua única perna. Acredita-se que Aroní instrua seus discípulos em todos os mistérios da floresta. Quando Aroní escolhe um estudante, o indivíduo desaparece inexplicavelmente na floresta por um período indefinido. Depois de ter adquirido o conhecimento necessário, Aroní retorna o indivíduo ao mundo, provendo-o de um pelo do seu rabo como evidência do seu treinamento.

Orisha: Oké (Oqué)

Sincretismo católico: São Roque.
Celebração: Nenhuma. Seu dia é observado com o de Obatalá.
Miçangas: Nenhuma.
Ferramenta ritual : Nenhuma.
Sacrifícios: Cabra, bode, galos, pombos brancos e galinhas d’Angola.
Tabu: Azeite de dendê.
Número ritual: 16

Oké é o orisha da montanha e das colinas. Representa longa vida ou imortalidade. Oké é um orisha fúnfún e um companheiro inseparável de Obatalá.[i][1] Oferendas para este orisha são normalmente postas na base de uma colina ou montanha. Em casos extremos, sacrifícios devem ser oferecidos a Oké no topo da montanha. Oké é adorado conjuntamente a Obatalá e não possui omós, nem qualidades.

Orisha: Korinkoto

Miçangas: Azuis “royal”, ambarinas e pretas.
Ferramenta ritual : Um irawó — um prato metálico com aproximadamente 5 ou 6 polegadas, com a forma de uma estrela e uma longa faixa saliente de um lado, simulando o rastro deixado por uma estrela cadente.
Sacrifícios: Bodes, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 3 e 7

Korinkoto e o irmão de Orishaokó, também relacionado à agricultura e às colheitas. Acredita-se que Orishaokó cuida dos campos durante o dia e Korinkoto durante a noite. Junto à uma entidade chamada shigidí, um tipo de Eshú, Korinkoto representa os mistérios desconhecidos e encravados nas profundezas da terra. Não possui iniciados diretos, nem qualidades.

Orisha: Ogé (Ogué)

Sincretismo católico: Santa Filomena.
Celebração: – .
Miçangas: Nenhuma.
Ferramentas rituais: Dois chifres de touro ou de búfalo.
Sacrifícios: Pombos, embora algumas linhagens sacrifiquem a Ogé os mesmos animais sacrificados para Shangó em simultaneidade com os sacrifícios para este último orisha.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 2, 6

Ogé é o orisha da direção, guiando as pessoas pelos caminhos da vida. Representado por um par de chifres de boi ou de búfalo, Ogé é encontrado nas florestas e savanas. Acredita-se que este orisha tenha sido um peão de Oyá. Houve uma vez em que Oyá desobedeceu Shangó e incorreu em sua ira. Como prova de paz, ela lhe ofereceu numerosos presentes, entre os quais estava incluído Ogé.

Orisha: Ibejí

Sincretismo católico: São Cosme e São Damião.
Celebração: 27 de Setembro.
Vestimentas: Os Lukumis vestem os eré Ibejí— bonecos ou talhas de Ibejí — de vermelho e azul.
Sacrifícios: Frangos e pombos.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 2, 4, e 8

Na Iorubalãndia, a adoração de Ibejí foi dedicada a propiciar o nascimento e a encarnação de espíritos de gêmeos. Ibejí é o orisha padroeiro dos gêmeos. Ainda, Ibejí é também um culto ao nascimento de gêmeos, em que se paga tributo à mãe e aos filhos, e especialmente no caso em que um ou ambos os gêmeos morrem durante ou após o parto. Por razões inexplicáveis, a maior incidência de nascimentos de gêmeos no mundo inteiro, precisamente ocorre entre os iorubas.

O primeiro gêmeo nascido chama-se Taiwó — saia e prove o mundo. O segundo gêmeo chama-se Kehindé — eu seguirei. Se o primeiro indicar ao último que a vida e uma atividade prazerosa, Kehindé segue o seu exemplo e nasce. Taiwó é considerado o mais jovem dos Ibejí e Kehindé é o mais velho dos dois.

A tradição sustenta que o primeiro par de Ibejí a nascer, foram filhos de Shangó e Oshún, e foram por Yemojá. Ibejí são considerados seres muito poderosos. Um mito Creole narra com detalhes uma vez em que os Ibejí fizeram o diabo de tolo. De fato, são “orishas que estão vivos”. Costumeiramente, não devem ser ordenados tal como nasceram. Contudo, quando o são, Taiwó é ordenado para Shangó e Kehindé é ordenado para Yemojá.

Sempre que os Ibejí se apresentam em wemileres ou bembés, os tocadores de tambor saúdam Ibejí entoando seus cantos e executando seus ritmos e lhes oferecem presentes ou dinheiro. Acredita-se que Ibejí retribuirá essas dádivas, multiplicando-as de muitas maneiras.

Orisha: Ainá

Sincretismo católico: Nenhum.
Celebração: Nenhuma
Vestimenta: O eré de Ainá é vestido inteiramente de vermelho.
Miçangas: Usam-se um tipo de miçangas chamadas “coração branco”, porque são vermelhas por fora e brancas por dentro.
Sacrifícios: Galos, pombos e galinhas d’Angola.
Números rituais: 6 e 12

Ainá é a orisha patrona das crianças nascidas com o cordão umbilical ao redor do pescoço. Em Cuba, ela também é considerada a “mãe” dos Ibejí por ser o principal orisha de um panteão que rende homenagem ao fenômeno do nascimento. Os Lukumis falam acerca de sete Ibejí: Ainá, Taiwó, Kehindé, Idowú, Olorí, Oroniá, e Alaba. Ainá é a divindade que preside esta legião.

Ainá está também associada ao fogo. Ela permite que Shangó possa lançar fogo pela boca quando fala. Os devotos de Ainá, crianças nascidas enroladas pelo cordão umbilical, são ordenadas para Shangó.

Orisha: Oranyán (Oroiña)

Sincretismo católico: Nenhum.
Celebração: Nenhuma.
Miçangas: Rosas e opalinas multicoloridas, enfeitadas com coral
Ferramenta ritual: Nenhuma
Sacrifícios: Cabra castrada, bode, bezerros, galos, codornas, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 7 e 16

Oranyán é um dos filhos de Oduduwá, considerado o pai de Dadá, Shangó e Aganjú. De acordo com a mitologia, foi o filho de uma mulher que Ogún trouxe de terra distante onde ele havia lutado. Quando Oduduwá viu a mulher, imediatamente se sentiu atraído por ela e exigiu tê-la. Algum tempo depois, nasceu Oranyán. Era metade negro, como Ogún, e metade branco, como Oduduwá. Na Iorubalândia, durante o festival de Oranyán, seus sacerdotes pintam o corpo neste padrão.[ii][2] Oranyán tornou-se um grande guerreiro. Depois do falecimento de seu pai, ascendeu ao trono. Passado o tempo, tornou-se tão cansado das lutas que, decidiu retirar-se às profundezas da terra, donde continua a reinar.

Oranyán é considerado o centro da Terra e a força que a mantém girando através do espaço. Seus sacrifícios sempre são efetuados em conjunto aos de Ilé — a Terra. Os Lukumis associam Oranyán com Aganjú. De fato, muitos Olorishas chamam Aganjú pelo nome do seu pai. Muitos Olorishas não o reconhecem como um orisha individualizado e insistem em que Oranyán e Aganjú são o mesmo. Oranyán não possui omós, nem qualidades.

Orisha: Boromú.

Sincretismo católico: Boromú é sincretizado com São Elias.
Celebração: 20 de Julho.
Miçangas: Brancas e pretas, com madrepérolas, corais e marfim.
Sacrifícios: Bodes, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 4, 7, e 8

Orisha: Borosiá

Sincretismo católico: Nenhum
Miçangas: 1. Brancas e rosas, com madrepérolas, corais e marfim, 2. Amarelas e verdes, em grupos de quatro.
Sacrifícios: Bodes, galos, pombos e galinhas d’Angola., todos brancos.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 4, 7, e 8

Boromú e Borosiá são dois orishas Egbado e formam parte dos orisha fúnfún ou divindades brancas associadas a Obatalá. Acredita-se que sejam gêmeos nascidos de Yewá. O pai destes orishas poderia ser Orúnmilá, porém, em Cuba, os Olorishas sustentam que é Shangó. Estão estreitamente ligados aos cultos de Oduduwá, Olokún, Erinle, e Yewá. Acredita-se que Yewá, ao saber de sua gravidez, sentiu-se tão embaraçada que tentou provocar um aborto.

Orisha: Yemowó (Yembó, Yemó, Yemú)

Miçangas: Brancas e azul- turquesas, com madrepérolas, corais brancos e marfim.
Sacrifícios: Ovelhas, galos, pombos e galinhas d’Angola, todos brancos.
Tabus: Não se pode lhe sacrificar usando uma faca; promiscuidade sexual.
Número ritual: 16

Yemowó é a esposa de Babá Furúrú (também conhecido como Alamoreré), o Obatalá escultor creditado como criador da humanidade. Os Olorishas consideram-na uma qualidade de Yemojá relacionada a Obatalá, e a cultuam separadamente de Yemojá. Acredita-se ser a mãe de Ogún, e um mito conta que após o estupro incestuoso de sua mãe, Ogún condenou a si mesmo a viver na floresta e a trabalhar incessantemente para beneficiar e compensar a humanidade. Depois do ocorrido, Obatalá recusou-se a ter mais filhos. Logo depois, quando Orúnmilá nasceu, ele foi imediatamente levado à floresta, enterrado até a cintura e ali abandonado para que morresse. Mas, quando nasceu Shangó, Yemowó negou-se a puní-lo da mesma maneira que a Orúnmilá. Ela o entregou a Dadá para que o criasse e ocultasse aquele nascimento de Obatalá, contando a este que a criança tinha morrido após o nascimento.

Este mito explica por quê Yemowó recusa qualquer associação com Ogún. Da mesma maneira que Naná Burukú, seus sacrifícios não podem ser executados com faca de metal. Um pedaço afiado de madeira ou de vidro, substitúem a faca.

Orisha: Ogán

Sincretismo Católico: São Tiago.
Celebração: 16 de Agosto.
Miçangas: Brancas, intercaladas a intervalos com contas vermelhas.
Ferramenta ritual: Uma cimitarra.
Sacrifícios: Bodes, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Sendo um orisha fúnfún, possui os mesmos tabus que Obatalá, ainda que por vezes se lhe ofereça azeite de dendê.
Números rituais: 1, 8, e 16

Ogán é um orisha fúnfún, considerado o comandante de Ajáguna. Muitos Olorishas consideram-no um tipo de Elegbá para Ajáguna. Duas outras divindades menores, Obón e Oboní, acompanham-no. Não existe iniciação para Ogán.

Orisha: Agidaí

Sincretismo católico: São Bartolomeu.
Celebração: – .
Miçangas: Brancas.
Ferramentas rituais: Um cajado em forma de “T” encimado por um galo, com dois braços e duas pernas pendentes de cada extremo da barra horizontal.
Sacrifícios: Bode, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Sendo um orisha fúnfún, possui os mesmos tabus que Obatalá, ainda que por vezes se lhe ofereça azeite de dendê.
Números rituais: 1, 4, 8, e 16

Agidaí é outro obscuro orisha do qual muito pouco se conhece. Com toda probabilidade, devo ter sido o primeiro Olorisha a trazer esta divindade aos Estados Unidos. Recebi-o de Miguel Villa, Oké Bí, um Oní Shangó morto no começo dos anos 90. Oké Bí contou-me que este orisha é o patrono dos Obás Oriatés e que promove o desenvolvimento do afudashé — ashé da fala — uma habilidade profética indispensável para que o adivinho consiga que suas predições, efetuadas através de ita, venham a ter propósito. Ademais, Oké Bí me disse que Agidaí é um importante orisha para combater epidemias, e descreveu o ebó indicado para Agidaí nessas situações.

Ainda que não se tenha esclarecido donde Oké Bí recebeu este orisha, é possível que tenha origem Arará, uma vez que há um vodún cultuado pelos Ararás pertencente à família de Makeno, o equivalente de Obatalá, chamado Agidaí.

Orisha: Irokó (Irocó)

Sincretismo católico: Nossa Senhora da Imaculada Conceição.
Celebração: 8 de Dezembro
Miçangas: Verdes e turquesas, com ornamentos em vermelho, rosa e coral.
Vestimenta: Branca com adereços verdes e dourados.
Ferramenta ritual: Um cajado pintado ou revestido de contas com suas cores rituais.
Sacrifícios: Carneiro, bodes, bezerros castrados, tartarugas, codornas, galos, perus, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 7 e 8

Irokó é o orisha da abundância e prosperidade. Acredita-se que more na árvore irokó —teca da África Ocidental — mas devido à inexistência desta árvore em Cuba, foi associado com a Ceiba (Ceiba pentandra, L.). Muitos Olorishas plantam esta árvore em suas casas por ser considerada uma das árvores mais respeitadas, com grandes poderes esotéricos. Supõe-se que todos os orishas se reúnam em suas raízes, ainda que especialmente associada a Shangó, Aganjú, Oduduwá, Obatalá, e Egúngún. Quando Irokó é cultuado na base da Ceiba, a árvore é ornamentada com almofadas de diversas cores, com mariwó— folhas do dendezeiro, e outros objetos. Muitos alimentos cozidos, são oferecidos às divindades na base desta árvore.

Há somente um caso conhecido de ordenação para Irokó em Cuba. Modesta Morera, Alaraba. Foi ordenada para Irokó através de Yemojá (Yemojá oro Irokó) pelo falecido Cheo de Shangó, Shangó Larí, em Matanzas, na década de 1950. Desde então, não houve outra ordenação.

Orisha: Olosá

Miçangas: Azul escuras e, verdes, com opalas e coral.
Sacrifícios: Carneiros, ovelhas, patos, galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 7, 9

Olosá é a esposa de Olokún. É a deusa da lagoa e seus mensageiros são os crocodilos. Na Iorubalândia, é adorada nas lagoas de Lagos que precedem à costa Atlântica. Ali é onde são levadas suas oferendas. Se os crocodilos as consumirem, o orisha aceitou-as. Olosá não possui qualidades.

Orisha: Ayarokotó

Miçangas: Azuis e brancas.
Sacrifícios: Galos, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum.
Número ritual: 7

Esta orisha é filha de Yemojá e outra mensageira de Olokún. É encontrada no horizonte, onde o mar encontra-se com o céu. Acredita-se ser a arauto de Olokún que previne a humanidade acerca da ira de Olokún, antes que uma onda sísmica ocorra. È o som estrondoso que precede a onda sísmica. Parte dos instrumentos de Ayarokotó é mantida na casa do Olorisha e a outra é sepultada na praia.

Orisha: Otín (Oti)

Miçangas: Azul escuras e azul-turquesas, com coral em abundância.
Sacrifícios: Galos brancos.
Tabus: Zombar de seus seios.
Número ritual: 7

Otín é uma orisha relacionada com Erinle e Yemojá. Um mito reconta que ela possui quatro seios, e salienta que esse é um grande tabu que não deve ser mencionado em sua presença, pois representa uma ofensa para ela. Acredita-se ter sido uma rainha muito poderosa, contudo sensível, que se desencantou com a falta de respeito de seus serventes, cometendo suicídio no rio de Erinle. Entre os Lukumis, a talha de uma mulher carregando uma jarra de barro sobre sua cabeça, é utilizada para representar Otín.

Orisha: Ibú Ayé (Ayé Ochún)

Miçangas: Todas em coral.
Ferramenta ritual: Uma lira
Sacrifícios: Galinhas, pombas e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 3, 5

Ibú Ayé é uma Oshún muito jovem. Considerado um orisha independente, acredita-se que seja a guardiã das riquezas de Oshún, para distribuí-las somente quando assim for instruída por Oshún. É representada por cinco cauris atigrados e é cultuada ao lado de Oshún.

No Odu Ogundá mejí, Ogún deu-lhe os cinco cauris atigrados— ayé— como presente para Ibú Apará com o propósito de conquistar o coração de Oshún. Ele prometeu que aqueles ayés trariam grande prosperidade a Oshún e a satisfação de todos os seus caprichos e desejos. Oshún aceitou o presente, morou com Ogún por algum tempo, porém, eventualmente o abandonou por Shangó.

Orisha: Idowú (Ideú)

Sincretismo católico: O menino que Nossa Senhora de la Caridad carrega em seus braços.
Miçangas: Ambarinas, amarelas e de coral.
Sacrifícios: Frangos novos e pombos.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 2, 4, e 5

Idowú é a criança nascida imediatamente após os gêmeos. Acredita-se ser o favorito de Oshún. Todas as crianças nascidas imediatamente depois do nascimento de gêmeos, são consagradas para Idowú e devem ser iniciadas no culto a Oshún. Um patakí do Ejiogbé mejí descreve como ele salvou Oshún da devastação absoluta. Junto com Ibú Ayé e Logún Edé, Idowú guarda as riquezas de Oshún.

Este orisha, também está relacionado com desequilíbrios emocionais. Quando os Olorishas atendem um indivíduo que possa ter problemas sentimentais, podem lhe prescrever que faça alguma oferenda para Idowú. Seu eleké é confeccionado curto, de maneira que, usado pelos devotos, alcance aproximadamente a altura do coração. Idowú, em muitos aspectos pode ser chamado de Cupido Lukumi. Não possui qualidades.

Orisha: Ajeshaluga (Kowo, Cobo)

Ferramentas rituais: Cauris.
Sacrifícios: Pombas brancas.
Tabus: Nenhum.
Número ritual: 8

Ajeshaluga é mais conhecida como Kowo, a causa do tipo de concha utilizada em seu culto, chamada em Cuba de “cobo”. É a deusa da riqueza, é cultuada no mercado e é a padroeira de todas as transações comerciais. Em alguns mitos é descrita como filha de Olokún e em outros, como uma de suas esposas.

Esta é uma divindade importante, tal como enfatiza o provérbio Lukumi: kó ajé, kó orisha — sem dinheiro não pode haver orisha. Não possui qualidades.

Orisha: Oshumaré

Sincretismo católico: São Bartolomeu.
Celebração: – .
Vestimenta: Usa todas as cores em suas vestimentas, ainda que o amarelo-dourado e o verde sejam as mais importantes.
Miçangas: Amarelas, rajadas de preto; verdes, ornamentadas com vermelhas e azul-esverdeadas.
Ferramenta ritual: Usa uma serpente alongada, à semelhança de um cetro, que brande enquanto dança.
Sacrifícios: Bodes, carneiros, tartarugas, galos ,pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Nenhum.
Números rituais: 7 e 12

Oshumaré é o orisha do arco-íris. Está especialmente associado com Shangó, e ajuda-o a manter a harmonia do meio ambiente, retornando aos céus a chuva que Shangó, Oyá, e Yemojá mandam durante as tormentas para saciar a sede da terra. Deste modo, Oshumaré representa a continuidade da vida na Terra — o guardião da vida humana— como se evidencia na representação do orisha, uma serpente enrolada comendo a própria cauda. Durante a possessão, Oshumaré aponta seu cetro-serpente ao céu, como se provocasse Shangó a enviar a chuva.

Um mito do odu Ejiogbé Oyekún relata que uma vez, quando Olorún ficou doente, Oshumaré foi o único adivinho capaz de curar as moléstias de Olorún. Desta maneira, Olorún reteve-o em sua companhia, permitindo-lhe visitar a Terra quantas vezes quisesse, porém, somente sob a condição de algum dia retornar ao seu lado. Quando o arco-íris visita a Terra, seremos abençoados e nos apresarmos em interagir com ele, antes que Olorún o chame logo de volta à casa.

Estes orisha foi perdido em Cuba na primeira metade do Século XX. Seus instrumentos não foram mais consagrados, e não se possui conhecimento sobre este orisha, mesmo nas áreas da ilha em que foi conhecido nos anos 40 e 50. Inexplicavelmente, Oshumaré—tal como o arco-íris—tem reaparecido em Cuba nos 90, através da “magnífica” (!) instituição que rotulei de “diplo-santeria”, e que pode ser consagrado a qualquer extranjero­— estrangeiro— disposto a pagar em moeda corrente!

Orisha: Logún Edé (Laro)

Sincretismo católico: São Expedito.
Celebração: – .
Vestimenta: Azul-turquesa e amarela, com adereços dourados.
Miçangas: Azul-turquesas e ambarinas, com corais.
Ferramentas rituais: Vara de pescar; arco e fecha e leque de bronze.
Sacrifícios: Bodes ou cabras, ou bodes castrados, galos, galinhas, pombos e galinhas d’Angola.
Tabus: Azeite-de-dendê.
Números rituais: 5, 7

Logún Edé é mais conhecido em Cuba como Laro. Divindade andrógina, Logún Edé é o filho da qualidade de Oshún chamada Ibú Ipondá, e de Erinle. Acredita-se que durante os primeiros seis meses do ano, Logún Edé seja masculino e more nas florestas, caçando junto ao seu pai. Durante os seis meses restantes, Logún Edé é feminino e mora no rio com Oshún, numa dieta de peixe d’água doce e camarões. Logún Edé significa “Aquele que caça camarões”.

Logún Edé é o guardião das riquezas de Oshún e da abundância de Erinle. Yemojá é sua protetora. Logún Edé é o protetor dos marinheiros e é representado por um peixe marinho. Acredita-se que more onde o rio e o mar se encontram. Os rituais de iniciação e o culto deste orisha foram perdidos em Cuba. Não há iniciações neste culto.

Um patakí do Odu Odí Otura narra o mito das origens misteriosas de Logún Edé, decrevendo-o erroneamente como homossexual. O mito diz que ele foi iniciado no Ifá durante seu semestre masculino, vivendo como mulher de Orúnmilá durante seus meses femininos. Por causa disto, os Babalawos mantêm que homossexuais não devem ser iniciados no Ifá. Não possui qualidades. Este é outro orisha cuja adoração foi perdida em Cuba e que tem reaparecido recentemente nos mercados da “diplo-santeria”.

Orisha: Ayáo (Oyaó)

Vestimenta: Carmesim.
Miçangas: Alguns Olorishas usam contas marrom-avermelhadas, rajadas de amarelo e vermelho.
Ferramenta ritual: Cano de pena.
Sacrifícios: Pombas e galinhas d’Angola.
Tabu: Carneiros
Número ritual: 9

Oyáo é a irmã mais nova de Oyá, a quem serve de mensageira e assistente. Foi através de Ayáo que Oyá obteve domínio sobre afefé, o vento. Ayáo possui o segredo dos ventos e redemoinhos que são sua manifestação principal. É consagrada exclusivamente para os omós de Oyá e mora junto a esta. Parece ser que o conhecimento deste orisha está limitado à cidade de Jovellanos, na Província de Matanzas, onde está associada com Oyá e Olokún. Nesta cidade, Ayaó é conhecida por ter possuído uma Olorisha chamada Benita Cartalla. Em outros lugares, Ayaó é desconhecida. Recentemente, tornou-se um dos orishas vendidos no mercado da “diplo-santeria”.

[1]Todos os orisha fúnfún— divindades brancas— estão relacionadas com Obatalá. Como Obatalá, todos vestem roupas imaculadamente brancas, e seus paramentos, oferendas, animais sacrificiais e contas, também devem ser brancos. Com poucas exceções, todos observam o tabu ao azeite de dendê, ao licor e ao sal.

Órgãos e áreas do corpo humano sob controle dos orishas

Área/ÓrgãoOrishaÁrea/ÓrgãoOrisha
CérebroObataláOuvidoOba, Obatalá
OlhosNaná BurukúNarizOlodumaré, Obatalá
LínguaShangó & OyáGargantaAganjú & Naná Burukú
Cordas vocaisObatalá & OyáCoraçãoObatalá & Oshún
PulmõesOyáSeiosYemojá & Oshún
VeiasOshún & Babaluaiyé EstômagoOshún, Obatalá, & Naná Burukú
SangueOshún & BabaluaiyéWomb
Ventre
Oshún & Yemojá
OváriosOshúnPênisElegbá, Ogún, Shangó & Orishaokó
NádegasYemojá & ElegbáTestículosOrishaokó & Aganjú
PésElegbáJoelhosElegbá & Ogún
MãosObataláPeleObatalá & Babaluaiyé
BraçosAganjú & OgúnPernasElegbá & Aganjú
MúsculosAganjú & OgúnVaginaYemojá, Oshún, & Obatalá

Bibliografia

Abimbola, Wande.
Sixteen Great Poems Of Ifa. Paris, 1975.
Ifa: An Exposition Of Ifa Literary Corpus. Ibadan, 1976.
Ifa Divination Poetry. New York: Nok Publishers, Ltd. 1977.
Abraham, R.C.
Dictionary of Modern Yoruba. Hodder and Stoughton Educational, London, 1946.
Angarica, Nicolas V.
Manual del Orihate (religion Lucumi). Habana, n.d.
Awoniyi, Timothy A.
“The Word Yoruba.” Nigeria 134‑35, 1981.
Bascom, William.
“Yoruba Concepts Of The Soul,” in Men and Cultures. Edited by A.F.C. Wallace. Berkeley: University of California Press, 1969.
Ifa Divination; Communication Between Gods and Men In West Africa. Bloomington: Indiana University Press, 1969.
The Yoruba Of Southwestern Nigeria. Spindler Series, Case studies in cultural anthropology. Holt, Rinehart & Winston, 1969.
Sixteen Cowries: Yoruba Divination From Africa to the New World. Bloomington: Indiana University Press, 1980.
Bastide, Roger.
The African Religions of Brazil. John Hopkins University Press, Bloomington, 1978.
O Candomble Da Bahia (Rito Nago). Sao Paulo: Instituto Nacional Do Livro, 1978.
Blassingame, John W.
Slave Testimony: Two Centuries of Letters, Speeches, Interviews, and Autobiographies. Baton Rouge: Louisiana State University Press, 1977.
Buxton, T. Fowell
De la Traite des Esclaves en Afrique et des Moyons d’y Remedier. Paris, 1840.
Cabrera, Lydia
Anago: Vocabulario Lucumi. Miami: Ediciones Universal, 1970.
Castillo, José M.
Ifa en Tierra de Ifa. Miami: 1976.
Epega, D. Onadele.
The Mystery Of Yoruba Gods. Ode Remo: Imole Oluwa Institute, 1931.
Gleason, Judith.
A Recitation of Ifa, Oracle of the Yoruba. New York: Grossman Publishers, 1973.
Idowu, E. Bolaji
Olodumare: God In Yoruba Belief. London: Longman’s, 1962.
Johnson, Samuel.
The History of The Yorubas. London: Routledge and Kegan Paul LTD, 1921.
Lachatañere, Romulo
“El Sistema Religioso de los Lucumis y otras Influencias Africanas en Cuba.” Habana: Estudios Afrocubanos, Vol. III, 1939.
Lopez, Lourdes
Estudio de un Babalao. Habana: Universidad de la Habana, Departamento de Actividades Culturales,1978.
Perez, Jr., Louis A.
Slaves, Sugar & Colonial Society: Travel Accounts of Cuba, 1801‑1899. Wilmington: Scholarly Resources Inc., 1992.
Ramos, Arthur.
The Negro in Brazil. Philadelphia: Porcupine Press, 1980.
Ramos, Miguel W.
Ase Omo Osayin…Ewe Aye. Revised Edition. Carolina, P.R.: El Impresor, 1982.
Ceremonias de Obaluaye. Carolina, P.R.: El Impresor, 1982.
Dida Obi, Adivinacion a Traves del Coco. Carolina, P.R.: El Impresor, 1982.
Oro…Egungun; Las Honras De Egungun. Carolina, P.R.: El Impresor, 1982.
Eleda. A monthly publication of Cabildo Yoruba Omo Orisha, Inc., Miami, Florida.
Sandoval, Mercedes Cros.
La Religion Afrocubana. Madrid: Playor SA, 1975.
Simpson, George E.
Religious Cults of the Caribbean: Trinidad, Jamaica and Haiti. Caribbean Monograph Series, No. 15. Rio Piedras: Institute of Caribbean Studies, University of Puerto Rico, 1980.
Thompson, Robert F.
“Icons of the Mind: Yoruba Herbalism Arts in Atlantic Perspective.” African Arts, UCLA, Spring, 1975.
Black Gods And Kings. Bloomington: Indiana University Press, 1976.
Flash of the Spirit: African and Afro‑American Art and Philosophy. New York, Random House, 1983.
Verger, Pierre.
Notes sur le Culte des Orisa et Vodun. Dakar: L’Institut Francais d’Afrique Noire, 1957.
“The Yoruba High God: A Review of the Sources.” Odu, n.s., Vol. 2, No. 2, 1966.

Sorry, the comment form is closed at this time.

© 2010 Eleda.org Web design and development by Tami Jo Urban Suffusion WordPress theme by Sayontan Sinha