O Estado de Sao Paulo
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Salvador – O bispo Sérgio Santos Corrêa e os pastores Gilberto Muniz Pereira e Marco Aurélio Mendonça da Trindade todos da Igreja Universal do Reino de Deus foram denunciados à Justiça da Bahia por discriminação religiosa pelo promotor de Justiça e Cidadania do Ministério Público Estadual Lidivaldo Brito.

É a primeira vez que membros da Igreja são denunciados à Justiça por esse motivo no Estado. Os acusados realizaram vários ataques ao Candomblé no programa “Ponto de Luz”, exibido pela TV Itapoan (Record) de Salvador. Pelo mesmo motivo, Brito informou que pretende se aliar a Procuradoria da República para requerer em conjunto a apreensão do livro “Orixás, Guias e Caboclos” de autoria do chefe supremo da IURD, Edir Macedo.

A principal peça de acusação do promotor é a edição programa “Ponto de Luz” do dia 9 de janeiro em que os evangélicos apresentam uma suposta ex-mãe-de-santo que afirma ter feito um “trabalho” de macumba para matar um desafeto e este, conforme a mulher, teria morrido.

No programa várias pessoas participam se dizendo arrependidas por algum dia ter professado a religião afro e garantem que ela é associada ao diabo. Além do “Ponto de Luz”, Brito também tomou o depoimento de vários praticantes do Candomblé que tiveram terreiros atacados por evangélicos e acusam a campanha da Igreja Universal de incitar esses atos.

Numa outra frente, o promotor requisitou ao Juizado de Direito da Vara da Infância a suspensão do “Ponto de Luz”, alegando que o programa é exibido num horário muito cedo (a partir das 13 horas) apesar de conter cenas fortes, de exorcismo e ataques às religões afro. “O programa não foi submetido a análise de classificação de faixa etária pelo Ministério da Justiça”, informou Brito.

Caso sejam condenados pela Justiça os pastores podem pegar penas que variam de 2 a 5 anos de prisão. “A liberdade de culto está assegurada pela Constituição e a religião afro-brasileira é protegida pela Constituição Estadual”, disse, lembrando que se o Candomblé não fosse importante para a sociedade, terreiros como o da Casa Branca, o Ilê Axé Opô Afonja e o do Gantois não seriam tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Conforme Brito, o crime dos pastores é agravado pelo fato deles terem veiculado suas ofensas num meio de comunicação poderoso como a televisão.

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