Jornal do Brasil Online, October 20, 2002
Força espiritual ao PT
Por Luciana Navarro
Exú, Oxalá e Oxum estão a postos para resolver a eleição no Distrito Federal. Hoje mais de 50 pais-de-santo se reúnem no Lago Norte para fazer um trabalho de afastamento dos ”odus negativos que estão em volta do candidato Geraldo Magela (PT)”.
– Nós sabemos que espiritualmente Magela tem tudo para conseguir. Ele é coberto por forças ligadas à política e por isso os orixás decidiram apoiá-lo – afirma Pedrinho de Oxóssi, babalorixá do Axé Ketu Gantois e líder do grupo de pais-de-santo que apóiam o candidato petista.
Segundo Pedrinho, Magela é filho de Xangô – deus da Justiça – e de Iemanjá, senhora que governa a política.
Questionado pelo Jornal do Brasil, Magela disse desconhecer o assunto. Chegou a perguntar se o apoio não era uma brincadeira da oposição. Os mesmos babalorixás que declararam apoio a Magela farão um trabalho para beneficiar o presidenciável de seu partido, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a ouvidora da campanha de Lula, a socióloga Maria Victória Benevides, o PT aceita a ajuda de qualquer religião que pregue o bem. No programa eleitoral de Lula, apoiado por evangélicos e católicos, aparece a imagem de uma mulher jogando búzios.
– Toda religião do bem que se preocupa com o amor e a justiça merece apoio. O PT respeita a cultura brasileira e o candomblé faz parte das raízes do país – disse.
O presidente da Federação Brasiliense de Umbanda e Candomblé, Pai Paiva, não acha pertinente esse tipo de utilização da religião. Para ele, a umbanda não deve ser misturada com política.
– Isso só pode ser coisa de picareta. Nunca vi trabalho eleger ninguém. O candidato que trabalha mais e apresenta a melhor proposta é eleito – argumenta.
No Distrito Federal, o candomblé tem cerca de 80 mil adeptos. Só a federação oficial da religião tem 2.560 sócios. Paiva acredita que o trabalho dos umbandistas para favorecer Magela é puro oportunismo.
– Os 50 pais-de-santo que estarão nesse evento não representam nada dentro do movimento. Aposto que não são nem filiados à Federação.
Segundo Paiva, a umbanda deve pregar a caridade e não política. Ele explica que a finalidade do candomblé é propagar o bem. (Colaborou Larissa Guimarães)
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