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Gunter Axt

Para os seguidores das religiões afro-brasileiras, o ano de 2010 é regido por Yemanjá. Acredita-se que algumas das características arquetípicas do Orixá impregnem e definam a essência do ano na vida das pessoas.

Ela chegou a Brasil no século XVIII, com a bagagem cultural trazida pelos escravos. Sua origem é a nação Egbá, que se espalhava pela região da Nigéria. Lá, existe até um rio com o nome deste Orixá. Ela é filha de Olokum, o mar, e mãe de quase todos os Orixás. Sua cor é o azul e o branco.

Ela é a senhora dos mares e das águas. É a fonte da vida. Na África, foi sempre associada à fertilidade. Nas danças rituais, reproduz-se o movimento das ondas com as mãos, ou ainda lançando-se os braços para o alto, numa evocação às variações das ondas e à instabilidade das águas.

No Brasil, ela tornou-se o Orixá mais popular. Foi sincretizada, na Umbanda, com a Nossa Senhora e sua evocação é subliminar em festas, como a dos Navegantes, em Porto Alegre. Em Salvador, o dia 2 de fevereiro lhe é consagrado, quando os fiéis concentram-se no Largo do Rio Vermelho e levam milhares de oferendas ao mar, geralmente acomodadas em barquinhos azuis e brancos. No Rio de Janeiro, o Reveillon de Copacabana encampou elementos de seu ritual – o vestir-se de branco e jogar flores brancas e amarelas ao mar, costume que acabou ganhando o Brasil.

Yemanjá seria em geral plácida, compreensiva e pródiga. É a senhora da pescaria farta, da abundância. Fartura, romantismo, convívio familiar em alta e gravidez seriam marcas de um ano sob a sua regência. Amizade, companheirismo, franqueza e vida social ativa (desde com ênfase na família, na casa, nos vizinhos e amigos próximos), seriam também atributos que acompanham Yemanjá. A feminilidade ganharia destaque e tudo o que for orientado ao público feminino teria grandes chances de sucesso. Como Yemanjá também é a senhora da criação e da educação, estima-se que as realizações intelectuais sejam favorecidas. Aspecto que seria fortalecido pela companhia de Oxalá, que a estaria acompanhando neste ano.

Mas as águas são instáveis: hora tranqüilas, hora vigorosas, hora fartas, hora escassas. O que sinalizaria para um ano de mudanças, de abruptas oscilações. Fonte da vida, é ela quem dá, mas é ela também quem tira. De humor geralmente sereno, Yemanjá não aceita, contudo, contestação de sua autoridade, o que pode torná-la irascível. Os seguidores das religiões afro-brasileiras acreditam que um ano de Yemanjá começa e termina com chuvaradas, tormentas, enchentes, ressacas, tragédias no mar, naufrágios, afogamentos. Tudo, enfim, que estiver relacionado à força das águas.

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