From Brazil’s Correio da Bahia
Três terreiros de candomblés baianos têm importância reconhecida pela Fundação Palmares
Regina Bochicchio
redacao@correiodabahia.com.br

Mais três terreiros de candomblé baianos foram reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares (FCP), ligado ao Ministério da Cultura, como territórios culturais afro-brasileiros. Os terreiros Eran Ope Oluwa (Cachoeira), Zogodo Bogum Male Rundo (Engenho Velho da Federação) e o Maioralage, mais conhecido como terreiro de Olga de Alaketu, receberam o título no último dia 25 de março. Outros terreiros da capital baiana já haviam sido intitulados, como é o caso dos terreiros de Gantois, Ilê Axé Opô Afonjá e Bate-Folha. O reconhecimento público como território cultural tem por objetivo preservar a cultura negra brasileira.

O coordenador geral do Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação Palmares (Brasília), Jônatas Nunes Barreto, explicou que o principal pré-requisito para o reconhecimento de sítios, localidades ou monumentos é o levantamento da história, através de pesquisas sistematizadas e que comprovem que o requerente tenha contribuído ou contribua para a preservação da memória da população afro-brasileira. Além disso, é necessário um pedido oficial do responsável; histórico do bem; documentações necessárias; levantamento topográfico; publicação no diário oficial; e, por fim, notificação ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan). Com todas essas etapas cumpridas, a localidade é reconhecida pela Fundação Palmares como território cultural afro-brasileiro.

Preservação – O reconhecimento é um dos passos para que o estado execute ações visando a restauração e a preservação desses sítios, além da possibilidade de entrar com abertura de processo de tombamento junto ao Instituto de Patrimônico Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para muitos terreiros, o reconhecimento da Fundação Cultural Palmares é o primeiro passo para o recebimento de recursos e apoio para outros investimentos.

“Nosso interesse é na área de projetos sociais e culturais para a comunidade daqui. Agora, precisamos do tombamento que é concedido pelo Iphan”, disse Ekede Nirinha, filha de Olga de Alaketo. Ela reclamou da falta de incentivos e reconhecimento público, visto que “o terreiro é conhecido mais internacionalmente do que aqui dentro”. Há dois anos o terreiro enviou a documentação à FCP. Mas somente agora foi dado o reconhecimento.

Os candomblés foram um dos principais responsáveis pela manutenção da cultura negra na Bahia. Nos terreiros perpetuou-se, além da religiosidade, a música, a culinária e as danças trazidas pelos escravos negros. Durante o período que durou a escravidão no Brasil, os negros eram proibidos de praticarem sua religião. Por isso, os orixás, deuses do candomblé, foram associados aos santos católicos, de maneira a permitir seu culto. Com isso, surgiu o sincretismo religioso, que faz com que as festas católicas e os ritos do candomblé convivam, como ocorre, por exemplo, na festa do Nosso Senhor do Bonfim.

Os procedimentos para requerer reconhecimeno valem para todo o território nacional, já que a Fundação Cultural Palmares, com sede em Brasília, é um órgão vinculado ao Ministério da Cultura. Em Goiás, por exemplo, a Igreja Nossa Senhora de Rosário dos Pretos (Pirenópolis) é reconhecida. Na década de 40, ocorreu a demolição da igreja. Durante escavações para a passagem de cabos de telefonia, foram encontradas ossadas dos túmulos sob o local onde antes ficava o altar. O Iphan embargou a obra e a FCP reconheceu o local como território cultural para estudos arqueológicos.

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